quarta-feira, setembro 27, 2006

AMIGA, AMIGA

Pode ser porque eu sou de gêmeos e ela de balança.
Pode ser porque os pais dela resolveram mudar de São Paulo para Santos em 1981. Pode ser porque meu cabelo liso gostava do dela encaracolado.
Pode ser porque ela sempre esteve ao meu lado.
Pode ser porque temos duas irmãs cada.
Pode ser porque eu sou a mais velha e ela a mais nova, mesmo ela sendo mais velha. Pode ser porque ela me acompanhou no camarim do Engenheiros do Hawaii na década de 80.
Pode ser porque ela tinha medo de cachorro, e eu de homem.
Pode ser porque gostávamos muito de Legião. Pode ser porque da varanda dela, no quinto andar, via-se a piscina.
Pode ser porque nadamos em clubes diferentes, mas nadamos.
Pode ser porque ela é certa e organizada e eu quase desorientada.
Pode ser porque a boca dela é pequenininha e delicada e a minha um arregaço.
Pode ser porque ela sempre me falou tudo.
Pode ser porque eu sempre ouvi tudo, ou quase tudo.
Pode ser porque eu soube esperar quando era para esperar.
Pode ser porque amizade como essa a gente não desiste mesmo.
Pode ser porque não havia como ser diferente, só haveria de ser assim.
Na ocorrência de tantos bons motivos não há razão para especular a verdade.
A verdade é que ela é minha amiga desde que eu me conheço precisando de uma amiga. E hoje sendo o dia da Vic, é o meu dia também. Meu dia de comemorar, comer sanduíche de metro e bolo recheado com crianças barulhentas correndo ao redor. Não há o que duvidar.
Só há que se compreender o que é a felicidade.

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E como se não bastasse a amiga desse dia, ganhei mais uma. Até engraçado, pois dia 12 de setembro é outro dia que tenho duas grandes amigas aniversariando no mesmo dia. Mas com essa de hoje tive uma peculiar aproximação. O melhor amigo de meu filho desde o berçário tem uma mãe. E da amizade selada a baba, mordidas, e agora super-heróis, surgiu a nossa. Inevitável e pra lá de agradável. Somos tão diferentes e tão iguais nas nossa diferenças. Com tanto em comum. Quem quer entender? Com ela, ontem de noite, brindei a chegada de uma idade para ela, que desejo que seja especial. Como você é especial, Lu!

Para as aniversariantes queridas e para todos, meu beijo e meu carinho,
Tita

sábado, setembro 23, 2006

Dentro do mesmo time



É só você chegar, que me sinto feliz. Me sinto inteira e forte. Pronta pra sentir outra saudade.

(fotógrafa: Jupiss)

Para quem também gosta, para quem não conhece, para quem ama, para quem sabe ser feliz e triste (tudo ao mesmo tempo),ou para quem só quer ler a música do dia. Desse músico que tem música para qualquer tipo de situação, como diz o PP, amigão.

Dentro do mesmo time(Nando Reis)

Entra pela porta da frente

Mas pula para o banco de trás

Abre a janela contente

Pra ver o sol fervendo no ar

E depois que o olhou

Fica sem falar

Escolhe o esmalte meticulosamente

Por ver razões na cor, que irão se explicar

Pra tudo funcionar simplesmente

Como gesto espontâneo, invulgar

E depois da cor

O que virá?

Se o mundo combinar felicidade e tristeza

Dentro do mesmo time

Lugar que não se vá

É o que há pra duvidar

Se é só isso que existe

Vai confirmar o olho que olhou

Ou esperar o sonho

Que ninguém sonhou

Onde você que chegar

Espalha graça ao pleno presente

E mesmo ausente é doce sua falta

Espelho é o mar, o lago, meus dentes

Com um beijo posso ver sua alma

E depois que eu vou

Não vou voltar.

Enorme o seu lugar, quase o vento

Mas é dentro de mim mesmo que cabe

Não há vogais a mais no silêncio

Que morre se faltar a palavra

E depois falou:- preciso mais!

:) ;) :) ;) :) ;)

Para todos um ótimo final de semana!

Tita

quarta-feira, setembro 20, 2006

Vem cá, eu te conheço? (pessoas revisitadas)

Pinacoteca de São Paulo, um esconde-esconde de Rodin
Penso que cheguei a meia idade, seja lá que idade essa for...Se tenho trinta e tralálá, matematicamente posso calcular a meia idade, tal que X é a idade que atingirei. Como X é uma incógnita e assim continuará não sei o resultado da equação. Mas também não importa, se faz tarde e já vejo certo prazer em tomar sopa de noite.
Há um tempo estava numa livraria dessas multi-mídia, que tem de tudo e que posso acertadamente concluir que é um de meus programas favoritos visitá-las. Depois de ler sobre receitas rápidas e fáceis, ver preço de máquina fotográfica digital, ver uns livrinhos infantis e se encantar com o grau de beleza que eles têm, finalmente fui me divertir na seção de CDs. Por lá uma pessoa me notou, e na seqüência eu o notei. Como já disse estou na meia idade, mas com corpinho da pós idade. Assim, de longe passa paquera na minha cabeça. Não dá, não estou para isso também. Será possível que é pra mim que ele tanto olha? De rabo de olho concluo que é pra mim, afinal havia vazio ao meu redor. Era comigo e resolvi que se ele me olhava eu podia dar umas encaradas. Foi quando me veio a luz, sinapses foram rapidamente estabelecidas: A-há! Eu conheço esse cara! Gostaria de poder apresentá-lo agora para você, leitor, mas o que ocorre é que não faço a mais vaga idéia de quem ele seja. É um daqueles conhecidos-desconhecidos que me atormentam. Por que será que eu fui abençoada com esta capacidade incrível de guardar bem fisionomias? Guardo a fisionomia como poucos, mas o resto vai para o espaço. Conjugo a famosa dificuldade de correlacionar nome, lugar e pessoa. Departamentos do meu cérebro que não se conectam, deixam-me sozinha com um rosto familiar. Poderia ter ido até ele dando um simples oi e começando qualquer conversa sem noção chegaria a alguma conclusão sobre o paradeiro de meu conhecimento. E como sofro de pouca timidez lá pela metade do papo, soltaria o cruel “de onde mesmo que eu te conheço?” e minha agonia findaria. Na meia idade podemos conhecer a pessoa da escola, do colegial (que agora chamam de ensino médio), do cursinho em Santos, do cursinho em São Paulo, da faculdade, da universidade, de algum hospital que freqüentei, aulas extras...São muitos os lugares, e aqui há uma explicação, embora não seja uma justificativa, para esse meu problema.
No entanto pensei melhor. O cara não era tão comum. Baixo, de olhos claros, careca raspada, cavanhaque sem bigode, longo. Some a isso brincos , anéis e tatoos em profusão. Me ocorreu um medo de chegar lá e ele dizer: Sim nos conhecemos da televisão, de você me ver na televisão, sou baterista do ultraje ou do natiruts ou qualquer coisa descabida. Ou ainda eu sou VJ da Mtv...Sei lá, o mico seria muito grande e mesmo eu na mais descabida cara de pau não suportaria ouvir essa resposta!
Acabou que não o abordei. Saímos da livraria quase juntos, como um carma, um encosto atormentando minha mente. Então, ele saí na frente e posso ver a placa de seu carro. Pista que me levou a solução do mistério. É da cidade que trabalho, perto de SP. Conexões no andar de cima me dizem que ele, enfim, é um dentista de lá, encontro-o raramente em reuniões. Aliviada, vou para casa e posso dormir em paz.

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Nesse último final de semana de festas ocorreu algo bem parecido. A dona da festa conversava com um homem que era muito familiar. Dessa vez achei que o conhecia do hospital, do HC. Estava quente em minha pista. Cumprimentei-o com um sorriso e curti a festa. Minha amiga estava num papo muito bom com ele e assim demorava pra eu poder ir lá fazer a cruel pergunta :"de onde te conheço?"... Perigosa, eu? Só um pouco, doidinha pra dar um fora. Pensei melhor e sendo a moça muito próxima minha achei adequado perguntar a ela quem era o homem. Ainda bem que não fui falar com ele... É o doutor da alegria, Tita! Ao menos eu o conhecia do hospital mesmo, e claro da televisão também.

Me beijo e meu carinho!
Tita

sábado, setembro 16, 2006

Prêmio Jabuti 2006


Aqui alguns sabem o quanto aprecio Literatura Infantil. Gosto esse que começou cedo, sendo coerente, na infância. Mas que foi deixado de lado, como se supõe para novamente ser fortemente avivado com a chegada dos rebentos troianos. Eles nos dão essa chave para o passado com um gosto totalmente diferente.
Já disse aqui que tem um menino dentro de mim que se expressa às vezes. E tem também um monstro, com nome e sobrenome. Tanta coisa...
Mas vim prá falar da minha felicidade quando soube que o vencedor da categoria de Literatura Infantil desse ano do Prêmio Jabuti foi Gabriel, o Pensador com o seu "Um garoto chamado Rorbeto". Confesso que sempre achei pretensioso um cara que se denomina pensador, como isso lhe fosse único, exclusivo. Pensador era ele, os outros fritam massa cinzenta...algo assim. O pensador contém um certo desdém...ou não?
Mas esse livro me arrebatou, minha gente! É genial, pelo amor que ele contém, pela paixão que senti no autor ao falar sobre sua obra em uma entrevista, pelo som que ele transmite quando lemos em voz alta para nossos filhos, pelo formato da apresentação dele que remete à literatura adulta...quem sabe já querendo deixar nos pequenos uma vontade de ter no futuro a vida cercada por companhias com esse exato formato. Enfim, tudo ali é especial. A editora cosac&naify também não dorme no ponto, tem um acabamento de obra de arte na maioria das vezes. O autor que é audacioso de ser o pensador, e de ser mais. Ser alguém que além de pensar, faz e é reconhecido. Parabéns pra você,
Gabriel .
Aqui coloco o texto que escrevi pra ele em seu site em novembro do ano passado quando li o livro pela primeira vez:

"7709
data: 2005-11-06 19:35:23Patrícia (
titaponte@gmail.com / sem homepage) escreveu: Não sou sua fã. Nunca fui sua fã embora admire sua criatividade e poder de comunicação. Escrevo-te esta nota, com a esperança de que seja lida, para falar que fui arrebatada pelo seu primeiro livro infantil. Vi sua entrevista na globo news e senti uma necessidade de vir até aqui te parabenizar pelo trabalho, que ficou genial. Senti sua paixão, sua curtição seu entusiasmo pelo momento do seu livro e desejo que este livro só te traga mais alegrias (prêmios que seriam muito adequados!) além de mais inspiração para novas histórias. Eu, sou Patrícia, médica e mãe de uma duplinha que adora historinhas, e também escrevo as minhas. Não era sua fã, agora sou. Espero novos livros, como uma criança espera por um show..."começa, começa, começa...!" Beijos Patrícia. "

Eu já torcia, e muito, por esse prêmio e já sentia o cheiro dele. Fico mais feliz por isso! Saber que apesar de parecer impossível ter literatura no Brasil, o que aparece de bom é reconhecido. Esse comentário ele gentilmente me respondeu por e mail, agradecendo pelo incentivo. Não é muito legal? Simples e legal.

Na categoria ficção quem ganhou o prêmio foi o escritor amazonense Milton Hatoum por "Cinzas do Norte", já veterano pois ele tem seus outros dois romances também premiados com o Jabuti. Eu li "Dois Irmãos", que ganhei de presente da Lu linda Longo e gostei bastante. Na categria não ficção ganhou o mineiro e exímio biógrafo Ruy Castro por "Carmem-Uma Biografia", onde conta a vida de Carmem Miranda.

Aí estão dicas, que, num fim de semana friozinho desses, podem ser bem-vindas. Ou não?
Beijo,
Tita

quarta-feira, setembro 13, 2006

Material Girl

Achei engraçado...

Voltávamos pra casa há pouco e, do carro, eu vi um cachorro bonito.
-Meninos olhem que cachorro bonito!
-Cadê???, diz a tloiana.
-Ah, já passou disse o troiano, privilegiado por estar do lado da janela em que se via o cão.
-Que cor é ele mãe?, pergunta a curiosa.
-Branco de pintinhas marrons.
-Mãe, o que é pintinha? pergunta o perguntador do momento troiano. Eu sei que ele já sabe a resposta.
-Troiana, você tem pintinha? Eu digo pra exemplificar o que é e mostrar que todos sabem.
-Tenho no peito e na péna, ela diz, só duas e mallons, né? Pleciso complá a amalela, a losa...


Oh! Onde vou parar com essa material girl, multicolorida, da geração coca-cola???

Meu beijo e meu carinho,
Tita

Com licença, vou divagar. (Contato)

Quando decidi dar esse estranho nome ao meu blog é porque eu não sabia o motivo de iniciar um blog e meio de brincadeira jogava a questão para um possível interlocutor. No entanto, esse nome diz muito sobre mim. Uma profunda conhecedora sobre nada e uma rasa conhecedora de tudo. Talvez por esse meu espírito de curiosidade descubro coisas não importantes. Bem, algumas importantes também. E devido minha baixa capacidade de guardar qualquer tipo de informação, muitas vezes o antigo se torna novo, de novo. Sempre uma descoberta. Não tenho medo de colocar a pergunta pra quem quer que seja, mesmo que ela seja banal. Muito bem. Há também em mim um sentimento de que conheço pouco e que posso sempre aprender. Há interesse, mas não um interesse exaustivo. Contento-me com respostas vagas e com “não seis”. Pois há muito mais para não saber do que para saber nessa que chamamos de vida terrena. Por aí movem meus moinhos. E a falta de explicação se torna uma clara reposta. Não preciso de mais.

Nessa linha de raciocínio, assisti ontem a CONTATO (Contact), um filme com a inteligentíssima e linda Jodie Foster e Matthew McConaughey baseado num livro de mesmo nome de Carl Sagan. Um filme de ficção que por si só já poderia representar pra mim um grande passo ter assistido, pois costumo fazer caretas mentais quando o filme é classificado como de ficção e até costumava recusar a assistir. Enfim, é ficção, mas poderia não ser. Tudo está explicado. A mente humana suporta e comporta qualquer tipo de justificativa. Ela faz uma cientista no sentido mais cético de um cientista e ele faz um ex aspirante a padre que representa a religião e a fé. Pólos opostos que se atraem (parece que no filme foi criado um romance real onde no livro só se deixava a desejar) e se complementam. Um precisa do outro e um encontra resposta no outro. Basta querer ver. A dica de assistir ao filme recebi de uma amiga cor-de-rosa que por sinal aniversariou ontem(parabéns!).
Deixo aqui um trecho do filme:
-“Existem 400 bilhões de estrelas só na nossa galáxia. Se apenas uma em um milhão tiver planetas, e se uma em um milhão dessas tiver vida, e se uma em um milhão dessas tiver vida inteligente deve haver literalmente milhões de civilizações no universo.”
-“Se não houvesse seria um tremendo desperdício de espaço.”

terça-feira, setembro 12, 2006

Ontem, segunda -feira.

Dia nacional de recomeçar a eterna dieta.
Primeiro faço dieta, depois como tudo que quero e um pouco mais(sempre um pouco mais...) depois voltar a dieta. Vida de ciclos. Meio termo parece ser algo difícil de ser inserido no meu dia-a-dia. Se eu fosse ao menos razoável...
Assim como os cabelos. Primeiro cortar e curtir o novo corte, para depois esperar crescer e tê-los compridos de novo. Sempre espero o por vir. Comportamento ansioso. Será que morro disso?
Ahhh, beijos.
Dou um doce pra quem descobrir que fase do ciclo estou..rsr
Tita

sexta-feira, setembro 08, 2006

Do que eu leio...


Na leitura um grande prazer. Desses que gosto de ficar espalhando aos sete ventos. Coloco aqui um trecho do Roland Barthes por Roland Barthes, que é descrito como uma autobiografia irônica, mas é mais do que uma autobiografia, e menos também. O poder do léxico.

" Mas eu nunca me pareci com isto!
- Como é que você sabe? Que este é 'você' com o qual você se pareceria ou não? Onde tomá-lo? Segundo que padrão morfológico ou expressivo? Onde está seu corpo de verdade? Você é o único que só pode se ver em imagem, você nunca vê seus olhos a não ser abobalhados pelo olhar que eles pousam sobre o espelho ou sobre a objetiva (interessar-me-ia somente ver meus olhos quando eles te olham): mesmo e sobretudo quanto a seu corpo, você está condenado ao imaginário"


Pobre de nós, é a pura verdade. Ontem uma pessoa me falou: Nossa como você se parece com X, você deve ouvir a todo momento que se parece com X! Pois é, apesar de ouvir a toda hora que me pareço com alguém, com X ainda não tinha ouvido. A mim, me resta imaginar, pois como constata friamente o autor estamos restritos aos olhos que nos vêem, e prisioneiros do nosso imaginário... Tanto melhor assim. Será?

Meu beijo e meu carinho!

Tita



quarta-feira, setembro 06, 2006

Ela também é uma figura!


Troiana, por ela mesma...ou seria tloiana?
Numa conversa deliciosa, Jupis me lembrou de uma da troiana. É, falo muito do troiano pois ele está na idade das descobertas, mas a pequena de 2 anos e meio também não passa de uma figura. Ela soube pela Lu pontinho que estava no carro comigo( eu mesma havia esquecido!). Os dois discutiam atrás. Não sei o teor da discussão que eles levavam, pois mãe muitas vezes abstrai, até por proteção da integridade pessoal e mental. Sei que de repente, o troiano:
-Mãe, a troiana falou que eu não sou irmão dela...buááááá.(detalhe: ele tem cinco anos, 2 e meio a mais que ela...)
-Mas, filho, você sabe que ela nasceu da minha barriga, assim como você da minha barriga, vocês são irmãos sim. Não dê bola prá o que ela está falando que ela só quer isso mesmo, te ver chorar!
-Verdade, mãe?
Pois é a pequena desde cedo tem o poder da persuasão. É figuuura!
História real
Essa historinha que contei é fichinha perto dessa que descobri também pela Jupis. Só pra ver como crianças podem ser cruéis...
Conta a lenda que Jupis tinha primos, sendo que o mais novo era algo como cinco anos mais novo. Eles moravam no Rio, no mesmo prédio que a Baby do Brasil a então Baby Consuelo.
Isso, a telúrica. Os mais velhos contaram "a verdade" para o caçula. Que ele era filho da Baby, que por ter muitos filhos havia deixado ele na porta da casa da "mamãe", que te acolheu e te cria como um filho. Mas se você não se comportar, ela pode te devolver pra Baby e Pepeu.
Ohhh, quantos anos de análise essa criatura teve de pagar depois?
Minha gente, faz um frio por aqui, por aí e em outros lugares.
Meu beijo e meu carinho,
Tita

terça-feira, setembro 05, 2006

Decifrando (curiosa que sou)

Há exercício bastante em olhar para uma pessoa e pensar sua vida, seu modo de entender o mundo e de viver. Esse é um exercício que, queira eu ou não faço a todo momento. Algo como um reflexo medular, sem pensar já estou devaneando sobre aquele que está na minha frente. Um misto de captar sinais, ouvir a conversa, afiar a intuição e chegar a uma conclusão. Me perdoe o teor da veracidade do que venho a concluir, mas tudo segue tão natural e espontaneamente que não há como excluir verdade que obtenho da límpida resposta que aparece.
Assim, quando vou ao supermercado e vejo a funcionária que fatia frios em plena atividade de sua função sistemática, posso imaginar através de sinais que a mesma emite, o que ela quer me revelar. Seu olhar, suas mãos, sua roupa, seu formato de rosto...tudo são sinais que me levam as sua sua história. E como uma penetra na festa alheia, viajo na vida dela.
Da mesma forma, o professor sisudo na frente da sala de aula, está me passsando seus códigos, passando pelo crivo de meus pensamentos. Imagino quando ele chega em casa e corre para afagar seu cão. Fim de sua sisudez. E, mórbido ou não, esses pensamentos dominam minha cabeça nos momentos mais impróprios. Refém do que voa solto no andar de cima, me pego dando um sorriso inoportuno resultado da idéia que criei. Sei que corro o risco de viver para os outros uma vida melhor do que ela pode ser. Ou pior. Porém imaginar é quase viver.
Vou mais além se me deparo com pessoas já avançadas em idade. Essas me dão substrato para ter uma vida quase inteira nas mãos. Dessa forma, quando aceno para o senhor que vive na casa de repouso de frente da escola do meu filho diariamente, é porque já o conheço. Por muitos dias o vi lá, talvez ele tenha me visto antes. Acompanhava eu tocar a campainha, esperar o porteiro abrir, para enfim dar o beijo na bochecha e desejar-lhe boa aula. Até que resolvi acenar para ele. E hoje quase diariamente o gesto se repete. Em dias de chuva ele não está lá. Sei que foi um advogado criminalista e metódico em seu trabalho, e que o boné que usa é só para afastar-se do sol com a mesma força que tenta afastar o passado rígido que viveu. Com sua primeira mulher foi extremamente feliz, mas enviuvou após muito sofrimento. Tiveram quatro filhos. Austríaca que nunca conseguiu falar muito claramente o português. Os meninos foram morar na Europa. Tem lindos netos que sentem falta do avô, que existe mais como uma foto no porta retrato do que como uma pessoa do outro lado do Atlântico. Com a segunda mulher encontrou boa companhia. Poucos anos tinham de relacionamento quando um mal súbito tirou sua vida ao ler a orelha de um livro no saguão central de uma certa livraria. Já estava aposentado e receber essa notícia entrou para o rol da piores coisas que já ouviu na vida. Hoje mora lá, de frente à escola de meu pequeno para que possa me acenar, quase que diariamente.
E brincar de decifrar aquela pessoa que surge no espelho. Esse é o desafio que não deixo nunca, nunca se completa. Essa diversão existe desde os primórdios quando qualquer choro forçado era motivo de correr para o espelho e descobrir como ficava ao chorar. E até hoje essa é a pessoa que mais me mostra a necessidade do exercício. E que me faz perpetuá-lo.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Casamentos

Casamento 1

Esse final de semana foi de casamento. Sábado um da turma do Carlão e domingo um da minha turma. Bom, muito bom. Saber que as pessoas ainda pensam em se casar. Eu mesma demorei a me convencer que havia felicidade pura em casamentos. E por duvidar um dia é que me sinto mais feliz.
A comemoração de um casamento pode ser de várias formas e invariavelmente tem um pé no brega, um pé na jaca. O meu, embora tentei ser comedida, também teve, uai! Trombetas anunciando a noiva, padre falando coisas para tocar o coração, padrinhos que passam mal no altar, gente que errou a roupa ou errou a festa a que foi, sapato que aperta no dedinho, vídeo e fotos a não mais poder para tudo ficar devidamente registrado. E pensar que um dia haverá vítimas para assistir e ver tais vídeos e fotos. Passagens do meu final de semana.
No sábado bebemos e dançamos. Comemos bem também. Docinhos de casamento...huuum.
No domingo mais um pouquinho. E lembrar a máxima que meu amigo que viajou mais de 500 km para chegar na festa disse: Se casamento fosse bom não precisava de testemunha. Pode ser, a se pensar... Ainda acho que casar é bom e recomendo. Custei a acreditar nisso, mas agora que sei, gosto de falar por aí.

Casamento 2

Chegamos em casa depois da festa e o meu troiano corre pro meu braço, todo feliz.
- Mãe você vai ter outro bebê!!!!
- Não filho, nada disso, não estou sabendo. Mas por quê?
- Ah, você não disse que depois que casa vem os bebês?

Bem, dizer eu disse, mas achei que não deveria entrar na explicação de Educação Sexual I (básico para pré-escolares). Expliquei que quem estava casando não era eu e sim minha amiga. Ela que teria bebê. Entendeu, filho?

Meu beijo e meu carinho!
Tita

sábado, setembro 02, 2006

Chá de Sumiço
















- Mãe, você quer ver como eu posso desaparecer, sumir?
- Sim, filho, respondo, enquanto guardo umas roupas no armário.
Então ele pula da cama, levanta, abaixa e como se não conseguisse desaparecer me diz:
- Mas mãe! Você precisa fechar os olhos... !


Seria bom se o chá de sumiço fosse assim simples,né? Quando a gente precisasse, desse uma dessas prá fora da órbita, e depois voltasse, como se nada tivesse acontecido.

Bom sábado chuvoso pra você!
Tita

sexta-feira, setembro 01, 2006

Sou fã dela, sou fã delas...

Minha gente,
rola entre blogueiros uma corrente em que devemos dizer seis características nossas e passar a missão para seis queridos blogueiros. Quem me passou a batata quente foi a Helô Helê , querida M30 de quem sou fã confessa há um tempo.

Vamos brincar:

1- Meu famoso sorriso sobrevivie apesar de eu ter dentes de qualidade questionável. Desde que eram de leite eu era assídua de dentistas e meu pai não via a hora de eu casar para passar a bola da conta do dentista para o marido(que machista esse meu pai...pior é que ele falava isso mesmo e alertou o Carlão antes do casamento: A menina gasta os tubos no dentista - para não correr risco de devolução!)

2- Sou menina da praia que não gostava de ir a praia, mas sempre apreciou olhar o mar. Meu desejo secreto é ter uma casa de praia com uma big duma piscina na frente, que depois de uns passos cai na areia do mar. Tá bom?

3- Quando criança sempre fui espoleta, mas não espírito de porco. Brincava na rua e jogava um futebol como poucos meninos.Trepar em árvores e muros, andar de bicicleta descalça e estourar os joelhos são coisas que estavam em mim. Inquieta por natureza até hoje às vezes tenho vontade de sair correndo e voltar ao lugar que estava, como se fosse até ali, batesse o "pique" e voltasse. De verdade tenho esse desejo por vezes. Pena que meu sedentarismo me deixa com sem ar só de pensar em uma corridinha.

4- Na faculdade minha turma sempre foi o pessoal do interior de São Paulo. Cidades várias. Tinha no meu projeto de vida mudar para o interior, ir me embora pra Passárgada, como disse a Helô remendando Manuel Bandeira. Esse projeto foi adiado e agora parece estar tomando forma. 2007 em Pasárgada, será que amigos me visitarão?

5- Egoísta de carteirinha e centrada para o self(que lindo!), morria de medo de não ser uma boa mãe por isso. Mas até nisso eles (meus troianos) me mostraram que posso sempre melhorar.

6- Gosto de Kundera, Leminski, Barthes, Lispector, Marçal Aquino, CDAndrade,Mia Couto, Almodóvar, Allen.
Também Fernando. O Pessoa e o Reis, esse que sem saber deu o pontapé incial na minha idéia de escrever.
Que mix doido!

Agora passo a vez para:
Lu Saker (a dona da M30 que se tornou como uma irmã)
Marley (minha única e eterna amiga Marley)
Srta. Mirlinton (q eu não conheço, mas leio e gosto)
Beth ( M30 que tem um blog sigiloso)
Lalaiá (minha afilhada, epa fotolog pode?)
Lollex (borbolleta que amo, fotolog, too!)


Ufa, meu beijo e meu carinho...
Vou ter de avisar depois as indicadas!
Tita, morrendo de pressa!