Parecia que o pequeno sempre chegava um pouco atrasado.
Agradeço as dicas anti-stress que recebi. Apareço para dizer que já me sinto bem melhor. Pedi uma surtada competente e ela apareceu. Depois de desabar de chorar na frente de um incrédulo guardinha municipal que anotava minha placa por eu estar na contramão de uma grande via( havia pouco não era contramão!), resolvi que não estava nada saudável eu continuar trabalhando tão longe e pedi demissão 15 dias antes do meu planejado. Não aguentei. Mas é normal, um surto normal. Foi engraçado eu conversando com a psicóloga. É praxe toda demissão de lá passar com a psicóloga(que delicadeza, não?). Claro que chorei mais um pouquinho, não ia poupar a pobre psicóloga tão acostumada a lamentações. Inventei um problema de saúde na família para ela não me achar tão descompensada, também comentei sobre a dor que sentia, fortíssima( discreta, na verdade, ou uma cruz como médicos dizem) na bochecha toda inchada à esquerda, por causa de uma cirurgia odontológica feita um dia antes. Fiquei mais leve e com menos problemas na cabeça. Pronta para resolver os 735 assuntos pendentes restantes. Exagerada? Sim, o Carlão me acha exagerada. Mas juro que não sou neurótica. Ansiosa cabe, mas neurótica não...quem me conhece sabe que apesar de agitada sou tranquila. Ou não? A gente se engana com a opinião que temos sobre nós mesmos. Aliás sobre a maioria do resto também. Bem eu, que acho sacar tão bem de pessoas. Análise no blog me sai bem em conta, e dela faço uso, me permitam. Essa última frase é para copiar os dizeres de uma senhora que, internada no Hospital das Clinicas de São Paulo, veio me confessar, ao pé do leito, que estava sendo muito bem atendida, fazia refeições excelentes e acrescentou no final: "E o melhor de tudo, doutora: Esta me saindo tão em conta!". Além de nunca esquecer do fato, tentei protelar a alta da senhorinha, que passava tão bem às custas do estado.
Mas agora não adianta reclamar. O Natal está aí. Presentes comprados, muitas coisas bonitas em blogs amigos. A época é boa, e depois que a gente espalha as tamancas, no meu caso espalho lágrimas prá todo lado, dá para se sentir melhor. Natal e infância andam juntos e um complementa o outro como pizza com mussarela ou maçã com canela (desculpe que sou dada a rimas, não escapo). Assim, é verdade, depois que os troianos estão na família o sabor da rabanada voltou a ser melhor. Huuum... Ai se a vovó Ruth esquecer de fazer a rabanada nesse ano como ocorreu há alguns anos, num episódio que foi não só traumático a ela, como para toda a família. Inclusive para a Roseli, a diarista que costuma ajudar na arrumação da casa para o almoço do 25. Todos deram pela falta do quitute e já em início de dezembro, como medida preventiva, começou a circular pelos e-mails da família receitas de rabanada para, na verdade, encher a caixa postal da vovó. O que todos querem é a usual rabanada da Ruth.
E Natal me lembra uma história engraçada. Porque Natal, mais do que todas as festas, engloba uma tradição, que ao meu ver deve ser mantida, pois dá cara e gosto a festa. Como a champagnota que minha mãe faz, a já citada rabanada, o pimentão em salada da vovó Lidia, a música "sou caipira, pira, pora Nossa Senhora de Aparecida" na vitrola que vovô Zé Maria gostava tanto, enfim... E a campanhia que tocava às 5 da tarde do dia 24 de dezembro. A casa toda perfumada de tender com karo que estava desde cedo no forno, o calor infernal de Santos e a campainha num horário quase complicado. E o Dr.Bicudo na porta cumprimentando a minha mãe (meu pai dava um jeito de escapar dessas coisas, raramente era pego desprevinido). De cima do sobrado eu via o médico abrindo o porta-mala do carro para dar o presente ao pediatra dos filhos dele. Presente que vinha direto do sítio, fresquinho. Então, o Bicudo entregava para minha mãe o bicho. Com os braços estendidos e o leitãozinho mal arrumado meio que caindo pelos lados, minha mãe se dirigia até a cozinha com o mimo. Muito obrigada, Bicudo! Lá ia minha mãe tentar arrumar espaço na geladeira fazendo mais mágica que o Copperfield, ou correndo mesmo até a casa de minha avó Lidia, que seria quem prepararia a iguaria para a festa de Reveillon. O glorioso leitão! Eu que nem gosto muito de carne, declino totalmente a de porco! E assim tínhamos certeza que depois daquilo, estava mais perto a feliz hora de abrir os presentes. Não me lembro quando o Bicudo parou de deixar leitõezinhos na minha casa na véspera de Natal, mas já faz tempo, porque os filhos DELE já devem estar grandes e não precisam mais de ir ao pediatra. O tempo passa muito mais para os outros do que para a gente.
Aproveito para deixar para os que me visitam e leêm o desejo de um Natal tão especial como aqueles que tínhamos na nossa infância. E desejar que o Ano Novo seja cheio de paz, tranquilidade, vitórias e bons momentos!
Um beijo,
Tita
P.S.:O texto todo colorido é uma pura homenagem ao blogueiro profissional Marcus Andrey, do Mandra brasa, que quando você menos espera saca um Mandra Card avassalador. Podem ir no link e saber que o jornalista pernambucano, que guarda forte semelhança com Leão Lobo, é um homem família tem ótimas histórias para contar!