sábado, novembro 03, 2007

Instinto Secreto (Mr.Brooks)


Não era o filme que eu queria assistir de início. Mas o Cinemark da minha cidade não passa exatamente tudo que eu quero assistir - aliás, só não estou mais triste por esse Cinermark não participar da segunda-feira de promoção com filmes brasileiros a 2 realetos porque não terei um minuto para lazer/prazer no dia 05/11. Sendo assim, vamos selecionando de acordo com o restrito leque que nos apresentam.
O filme Instinto Secreto tem um mote um tanto americano. Um "serial killer" é na verdade um homem de grande sucesso, um premiado empresário. Ele consegue, por ser muito rico e inteligente, permitir que seu prazer de matar não seja de domínio público e nem mesmo de domínio familiar. O longa se desenvolve a partir da ótica do psicopata com duas personalidades díspares (como o médico e o monstro) tentando levar uma vida normal. O foco está no sofrimento, que o vício e as taras a que os seres humanos estão sujeitos, pode ocasionar, independente do prazer que eles proporcionam.
Filmes interessantes nos fazem ficar pensando neles, ainda que sem querer. Por isso concluí que esse é do tipo que vale a pena assistir. Mesmo encontrando uma detetive que é a Demi Moore parecendo fazer o papel de Jodi Foster em Silêncio dos Inocentes. Nada se inventa, tudo se copia, diz o sábio ditado.
Passou uma semana e estive numa pizza de sábado com meus pais e foi comentado o artigo da semana de Arnaldo Jabor em que ele, da forma magistral que seu talento permite, expõe sua opinião acerca do caso do Padre Júlio Lancelotti e pedofilia. O texto dele pode e deve ser lido aqui. Resumo que ele considera a castidade,que a Igreja Católica exige, como responsável por parte dos desvios que encontramos na história nada inédita de pedofilia entre padres. E eu extrapolo acrescentando que o homossexualismo, também bastante encontrado na instituição (me vem em mente um padre famoso que é desnecessário citar), também seria mais presente devido a castidade imposta. Acrescento, com cuidado apenas, que o homossexualismo pode ser tomado como um desvio, por não ser o comportamento comum, da maioria; no entanto, não causa mal, nem sofrimento a ninguém a não ser ao próprio homossexual devido à pressão exercida pelo preconceito. O fato é que poucos são os padres (e porque não dizer freiras!) que convivem bem com sua sexualidade, pois isso não é permitido a eles(as). Padres não possuem sexualidade e isso é um mito que não convence mais ninguém, pois eles são primordialmente seres humanos. É difícil encontrar um padre bem resolvido nesse aspecto, embora eu mesma conheça um que admiro bastante.
Como o próprio Arnaldo Jabor, a mim não cabe julgar o Pe. Júlio. Eu não sei (você sabe?) daquilo o que é verdade ou não, embora reconheça que tudo parece esquisito demais. Também penso que, mais do que a castidade, a degenerada e doente relação entre sexualidade e religião que a Igreja Católica estabelece é, na verdade, o fator responsável por existir entre os membros (ops...) tantos desvios do normal. Mas minha visão é um pouco diferente do famoso cronista. Entendo que as pessoas que possuem essas taras ou desvios, encontram na vida abarrotada de regras (todo psicopata necessita de regras rígidas para viver) da Igreja Católica uma chance de viver nos trilhos, de imaginar que o monstro não será externado, ou se for, as preces e a instituição tornarão encobertos pecados terríveis a que eles, seres mortais, estão sujeitos (considerando o corporativismo que o Jabor sentiu e citou em sua crônica). Não acredito que o meio transforma a pessoa, mas sim que o meio é um ímã para esse tipo de indivíduo com determinada predisposição a esses comportamentos. São pessoas que acreditam que a vida de matrimônio com Deus dará a eles, pobres cidadãos comuns cheios de neuras e de fraquezas, o passaporte para a vida eterna.
Amém.
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Um beijo, um tanto ácido para um domingo de manhã.
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TiTa.
PS:Espero que o leitor compreenda que não generalizo e não considero todos membros da Igreja Católica como doentes, apenas julgo doentes as leis impostas por ela.

5 comentários:

Annix disse...

Bom insight esse, de como a rigidez da Igreja Católica (ou de qualquer outra) atrai o psicopata/sociopata. E a Católica em especial, com toda a filosofia de culpa além da de sacrifício e recompensa...

Marcia disse...

gostei muito do teu texto. :)

FELICIDADEetrist... disse...

sim, FINALMENTE te li e adorei. acho que generalizar é péssimo, mas que esse voto de castidade obsoleto exigido pela Igreja Católica não ajuda. e realmente talvez atraia aqueles com pendências a todo tipo de desvios... temo condenar o Padre J.L. e temo ser mole demais diante de tantas evidências... mas ainda fico com o benefício da dúvida a que todos deveriam ter direito...
love you!
parabéns mais uma vez!

Ana Nogueira Fernandes disse...

Sim, eu considero o celibato obrigatório uma burrice. Celibato deveria ser uma escolha do padre.
Eu acredito que tenha padres sérios e que realmente não pensam em fazer sexo e nem tem seus escapes, mas Deus deus ao homem a mulher, oras! se ele fez isso é justamente pq o homem precisa, mulher não é uma coisa substituível com mais leitura da bíblia ou com o ciudado com o rebanho.
sexo é indispensável. mulher de verdade é indispensável.
mas se o padre não casa, vai pegar o coroinha, oras.

Anônimo disse...

guuti, guuti, but after all is said and done o que interessa mesmo é saber se você já foi assistir o "SuperBad" e depois o "Knocked Up" para que as próximas manhãs de domingo sejam mais light! ;)

Aliás, no começo, parecia que você estava descrevendo o "American Psycho"...

Agora, cá entre nós, batina sexy mesmo são aquelas do Halloween!! :o

Beijo,