quarta-feira, março 26, 2008

Às vezes...


Vivo correndo, vivo pensando que estou despistando o tempo.

Me engano pensando que o venço o tempo a cada tarefa que consigo cumprir.

A vida bruta e o mundo cão insistem em me fazer esquecer a menina que fui.

E a menina que ainda um dia serei.

um beijo,

TiTa.

PS: Quem é que eu era mesmo? Sei lá, fiquei assim hoje.

A ilustração é de um amigo meu, Maurício Negro, casado com uma amiga minha e irmão de outra amiga e cunhado de um amigo meu. Amigos, amigos, quem vive sem eles?

Vejam que lindo o blog dele, já está nos favoritos.

E quando vejo o meu Maurício, troiano, desenhando tão bonito com sua mão esquerda penso...até que pode ter futuro:)

quarta-feira, março 05, 2008

Um suspense.

O cara parou no acostamento da rodovia.
Esperou o melhor momento para a manobra.
Quando abriu um espaço, fez a curva fechada.
Dirigiu reto, na contramão.
Buscava que alguém o buscasse.(E por que querer colocar alguém no meio? Por que esse desejo de mudar o seu destino associado a mudança na vida de outras pessoas?)
Tinham de acertar em cheio, a tangente não servia.
Deve ter imaginado seus minutos póstumos de celebridade. É a época que vivemos, a irmandade da celebridade, o big brother da vida real. Ele em filmete nos noticiários. Deu uma gargalhada pensando.
Dominar a vida através da negação da própria.
Finalmente alguém sucumbiu ao seu desejo inadequado e inexpressável até então.
Descobrir a essência desse desejo silente, que grita de maneira terminal, deve ser a razão de alguns inconformados que sobraram.
O desejo que eu não sei, e ninguém pode supor de forma coerente.
Assim como a vida, meu irmão, não é coerente.


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Vivemos, vivemos, vivemos, somos hábeis em fingir ser tudo normal.
O trânsito descabido? Normal.
A fome do nosso semelhante? Normal.
A roubalheira de alguns muitos que tem poder? Normal.
Não almoçar porque tem de trabalhar? Normal.
Comprar uma bolsa que custa 50% do seu salário? Normal.
A falta de dignidade por não se ter um trabalho? Normal
A falta de dignidade por se viver de uma bolsa sei lá do quê assistencial? Normal.
Assistir com afinco a vida de outros com um "interesse comportamental" de como o ser humano reaje no confinamento? Normal.
Querer um atestado para " se encostar" por 10 dias em casa e não ter de ir trabalhar e quem sabe até poder viajar? Normal.
Ter taquicardia quando se está parado no farol vermelho e passa um motoboy, possível assaltante? Normal.

Tratar seres humanos como animais e animais como seres humanos? Normal.

É revoltante a nossa capacidade de adaptação. E não se adaptar pode ser mais desgastante e inquietante do que se adaptar. A segunda alternativa é mais árdua e perigosa.

Pode custar a vida.

um beijo
TiTa

sábado, março 01, 2008

O brilho que se brilha


Ontem estive com uma pessoa carismática e me intrigou, na verdade me intriga, como certas pessoas possuem alguma característica que não conseguimos facilmente apontar qual é, mas podemos simplesmente sentir que está presente e constatar que existem pessoas que são assim, talvez brilhantes por natureza. Abençoadas, diriam outros. A nós nos resta o deleite da companhia. Não acho que esteja relacionado apenas a um possível sorriso verdadeiro, ou a um brilho no olhar, ou uma covinha que surge quando se move os lábios, ou ainda um levantar unilateral de sobrancelha somado a um olhar certeiro. Tampouco está associado ao QI, ou ao tipo discurso que a pessoa toma, ou ao tom de voz, ou ao sotaque especial para pronumciar uma determinada frase. Também não necessariamente podemos unir o tal carisma com o uso pessoal e particular de alguns ítens de vestimenta ou adorno - definitivo ou não. O fato é que o carisma é um enigma que o dicionário Houaiss da língua portuguesa define como uma fascinação irresistível exercida por alguém a um grupo de pessoas. Encontrar atores(atrizes) ou cantores(as)com tal adjetivo é fato mais corriqueiro, mas ontem eu reconheci esse brilho na garçonete que nos serviu num restaurante de bairro de São Paulo, muito digno de visita. E a morena brejeira que na verdade servia outro setor de mesas, mas que estava sempre disposta a ajudar quem quer que fosse, tinha essa luz. Esse quê a mais que a fará ser destaque onde quer que ela for. Tentei ler em suas atitudes o que a fazia especial. Certamente nela se enquadrava o simpático sorriso aberto e o comportamento de observar o seu próximo de forma que conseguia chegar para ajudar antes de que fosse solicitado. O problema daquele que está próximo dela era visto mais rápido que a própria pessoa o diagnosticasse e era resolvido ainda antes que o outro tivesse o desconforto de percebê-lo. Da forma que me transpareceu, pelas suas atitudes não só ligadas ao servir as mesas, essa sua característica não estava presente devido a sua profissão, embora seja natural num bom garçom encontrar essa presteza e cuidado com aquele que está ao seu redor.



Não me contive e disse a que ela era especial. Não se fui redundante, mas pessoas asssim, dentro de uma humildade gostosa, já sabem que possuem essa luz. E que de certa forma são merecedoras dela por saberem exatamente como irradiá-la.



Um beijo,

TiTa