segunda-feira, outubro 30, 2006

Todos somos

Sorte de quem consegue ver.
Ele ganhou, todo mundo já sabia que seria assim.
Como se o fato de eu não ter feito essa escolha me redimisse de todos os pecados. Os antigos e os que virão.
Boa semana.
Tita

domingo, outubro 29, 2006

Parabéns!


Solidão necessária

Solidão arbitrária

Solidão libertária

Solidão que viaja

e não deixa de amar.

Um caramujo, sua casa.

Dois caramujos, todo o mar.

Para Hibisca, que pode me entender melhor...

Muitas felicidades!

sábado, outubro 28, 2006

Agonia cultural

Qualquer coisa menos cândido, porém muito Portinari


Hoje li a coluna de Antonio Prata que vem no Guia(caderninho com dicas culturais que vem na sexta-feira) do Estadão. Bateu-me uma profunda sinergia entre o que o escritor sente e o que eu sinto. Ele se refere ao mal estar que lhe ocorre nessa época em que estamos com a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, por não poder acompanhar um décimo da programação e assim entrar numa defasagem cultural que chega a dar um "leve formigamento estomacal". Há tanta coisa para se fazer e ver nessa metrópole que, em mim chega a dar como que uma paralisia, de forma que mal consigo resolver meus compromissos: trabalho, crianças, supermercado, banco, para ser muitíssimo sucinta. Sinto mesmo uma grande agonia. Apenas mais uma das agonias que quem mora numa grande cidade está sujeito. Alguém tem um anti-agônico aí?
PS: Para você que tem tempo(piada?) vale entrar no link do Portinari ali em cima e conhecer as obras deles. Cada coisa linda, minha gente!
Um beijo
Tita

quarta-feira, outubro 25, 2006

Português, todos eles.



Estou lendo Inês Pedrosa, uma portuguesa dez anos mais velha que eu, em seu português de Portugal. Engraçado as peculiaridades que cada país tem na forma de usar sua língua e como é diferente do que temos aqui. Gosto desses que fazem literatura em português e não são traduzidos. Leio trechos em voz alta, com sotaque de português e quando vejo estou rindo sozinha. É tão engraçado, porque o texto por si só já tem a cadência do sotaque e nem preciso me esforçar para parecer estar ouvindo uma piada de português. E dou risada.
Querem tentar? Vamos lá, leiam com e sem sotaque:

"Telefonista de família é a definição profissional dos adolescentes. Começava-se a atender o telefone aos quatro ou cinco anos, num revolucionário ímpeto de afirmação, e acaba-se como secretário do sistema. Cada toque do telefone é pretexto para uma denúncia da escravatura materna e uma exibição da supremacia paterna. A mãe não pode atender, porque é a criada, o pai não deve atender, porque é o senhor"

Engraçado. Ou não?

Meu beijo, meu carinho

Tita

segunda-feira, outubro 23, 2006

"Distraídos venceremos"(O Diabo Veste Prada)


Cinema de domingo a noite garantido
Ontem foi a vez de "O Diabo Veste Prada", uma adaptação de um livro de mesmo nome que é best seller. O filme é bom, pois tem uma trilha sonora interessante, um figurino chique (no mínimo), atores bonitos e desempenhando bem sua função. Anne Hathaway faz Andrea Sachs, assistente de uma megera(niguém melhor que Meryl Strep para fazer a editora-chefe Miranda Pristley, uma Cruela Cruel - há até a referência quando ela está numa festa com um casaco que lembra a pele de dálmatas) que se vê num emprego altamente cobiçado por outras pessoas, mas que na cabeça dela nunca havia passado. Ela aposta nesse emprego para chegar ao seu objetivo. A atriz é bonita e, engraçado, me faz lembrar a todo momento uma mistura de duas brasileiras, a Daniela Cicareli e a Luciana Gimenez. No entanto, na verdade a brasileira que atua no filme é a já cidadã do mundo Gisele Bündchen que tem um ar nada brasileiro e sim totalmente europeu. Brasil e todas suas caras.
Pessoas capazes vão se dar bem onde estiverem e para fazer o que quiserem. Basta ter determinação. A moça emagrece, muda o visual, se preocupa com coisas que eram totalmente desnecessárias para ela. Tudo porque há nela, como há em grande parte das pessoas, essa necessidade de vencer desafios e atingir metas, se preocupando pouco com o acesso a conquista e muito com a conquista em si, com a vitória. Delineamos nossa vida, nossos objetivos em algum momento e então começamos. De certa forma, ligamos o piloto automático e vamos fazendo o que precisa ser feito da forma que se exige ser feito para que a gente chegue no tal objetivo. Aprendemos rápido. Esquecendo que cada vez que seguimos , estamos, sim, fazendo escolhas. Muitas vezes a atriz diz "mas eu não tinha escolha" para se justificar, para mostrar aos outros o que ela não queria ver. A gente SEMPRE tem escolhas e não adianta tentar negá-las. Se nos sentimos sem alternativa é porque estamos com o piloto automático dirigindo a vida. Se faz necessário parar para pensar melhor e enxergar como deve ser visto, a vida com suas muitas possibilidades.
Minha forma de viver vai totalmente de acordo com a máxima de Paulo Leminski(que aliás, me é muito inspirador), que abre esse texto. Eu de fato acho que venceremos independente da preocupação com o resultado positivo. Na verdade pode haver, sim, uma preocupação com a forma de se chegar ao resultado que não deve ir contra nossos princípios e deve genuinamente nos fazer feliz, isso por si só já é a vitória.
Meu beijo e meu carinho...
Tita.
PS: Odeio quando o que escrevo fica com essa cara de auto-ajuda. Não interpretem dessa forma, ok?

sexta-feira, outubro 20, 2006

Cabe todo mundo

Assim eu os encontrei, embaixo de meus lençóis e dando risadas...

Já disse sobre a dificuldade de acomodar uma família inteira numa cama queen size. Principalmente porque crianças são espaçosas e só sabem dormir com pernas e braços escancarados. Eu num canto com parte dos pés prá fora, marido colocando seu 1,90 m em improváveis 60 cm quadrados... Se houver movimento brusco na calada na noite a troiana reclama com um chorinho chato. Mesmo que o movimento for dela mesma: quem vai entender? Temperamental a capricorniana. Sei de quem é a culpa de tamanho mau hábito. Agora até faço uma retrospectiva e lembro-me que, nas raras vezes que brinquei de casinha na minha infância, gostava de brincar que eu era de família pouco abastada, tudo da casinha se acomodava em um cômodo, uma pobreza descabida, sei lá o motivo dessa tara. Minha prima já gostava de brincar que a casinha dela era de milionária, como as que víamos nas novelas. Ela ligava para o mordomo e encomendava o café da manhã na cama e eu me deitava no chão toda encolhida com algumas bonecas e pelúcias amontoadas com uma toalha de coberta, nem cobertor tinha na minha casinha. Gostava desse exercício de pobreza que talvez nem Freud explique. Pode ser por isso que tolere bem esse meu dia-a-dia atual. Acordar com beijinhos e sorrisos num dia friozinho como o de hoje é capaz de melhorar, associado a um voltarem, qualquer dor muscular de uma noite mal dormida. E isso não guarda nenhuma relação com pobreza. As crianças são lindas quando acordam. Falo isso todo dia, bem cedinho - quem me conhece sabe quão cedo - para eles. Eles podem ficar acostumados a dormir aglomerados, mas problemas de auto-estima possivelmente não terão.

Para vocês também, um bom dia!

Tita


terça-feira, outubro 17, 2006

Dia do pensamento positivo


Surfe na lagoa. Há que ser positiva para se fazer isso.
Achei o máximo esse negócio de dia do pensamento positivo devido um alinhamento planetário que obviamente não posso checar a existência mas posso supor existir, já que eu mesma sou uma otimista irreparável...Ainda não esqueci que num lampejo de Positivismo maior mesmo que o de Comte acreditei, ao olhar nos olhos das fotos de meus canditados, no dia primeiro passado, em dias melhores que virão a qualquer momento. Tá quase chegando.
Pensei e tenho pensado um monte de coisas boas. Pensar nunca é demais, oras. Aproveito e faço o mesmo que fiz com uns torpedinhos que mandei durante o dia: Pense num desejo agora. Ele vai se realizar. Certo que sim. Afinal pensar já é quase realizar, acredito nisso e você já bem sabe.
PS: Nunca falei o real significado de quase para mim aqui nesse local. Mas para mim quase é quase tudo. Ou quase nada. Um passo pra se chegar lá, se chegar lá for o objetivo. Entendeu?
Besitos,
Tita

quinta-feira, outubro 12, 2006

Tattoo you, tatu me.


Doei sangue dias atrás e não há como não achar engraçado responder as perguntas: Tem tatuagem ou piercing? Quantos parceiros sexuais teve no último ano?
Lembro-me bem quando na faculdade, início da década de 90, ter tatuagem estava intimamente relacionado a possibilidade de se ter AIDS. Estúdios não autorizados e irregulares eram muitos. Atualmente, bem mais que moda, a tatuagem é consagrada e todo bairro de SP tem um local decente para você pintar sua pele, fazer sua marca. Foi-se, há muito, o tempo que pessoas tatuadas eram aquelas egressas de presídios. Havia um amigo de turma que antes de medicina tinha cursado administração e talvez por isso, nem pensava em ser médico, tatuou um enorme dragão no braço e uma paisagem praiana no dorso. Época de surfista devidamente registrada. Vestindo terno não aparecia. Mas na roupa de centro cirúrgico, a fantasia de médico, mostrava o que ele provavelmente não queria mostrar. Ou queria. Afinal, não é para se deixar escondida que se faz uma tatuagem. Quando eu estava na oitava série, o bonitão da turma tinha o Woodstock (o passarinho do Snoopy) tatuado no ombro direito. Conquistava mais meninas com esse charme meigo.
Penso que tatuar o corpo é uma forma de gritar o seu amor, seja ele qual for. Mesmo que seja mostrar seu amor a você mesmo(a). Estive recentemente com uma amiga de longe que escreveu o nome dos filhos nas costas, com borboletinhas no final. Delicado e fiel ao seu amor. Igualmente escancarado está o amor da Vic, minha amigona, que ao completar 35 achou por bem tatuar o nome do marido. Não faltam pessoas para criticar. Eu, verdadeiramente, acho lindo. É uma declaração de amor e muito mais que isso. A felicidade e a completude que a pessoa sente ao fazer justifica qualquer crítica.
Há a Hibisca, uma amiga que é um capítulo a parte em matéria de tatuagem. Ela foi batizada com esse apelido graças ao hibisco que fez no punho esquerdo e que está na foto acima. Cheio de significado. Suas tatuagens foram, e ainda vão, me contando aos poucos sua história. Muito do que ela queria me falar eu reconheci em seus desenhos, como se ela tivesse colocado na pele para contar.
Tem também a Ju Tattoo, menina que conheci no fanático MTV, em 2005, doidinha pelo Nando Reis. É cheia de frases dele em locais improváveis, que mostra a quem quiser ver.

Há ainda a Amandita do mural, que relutou em fazer a clave de sol que, ao meu ver, não vinha se estampar em seu corpo, e sim desabrochava, vindo de dentro, para marcar sua pele. Esse é o real significado da tatuagem. Não é algo que se incorpora, mas algo que já existe e se expõe. Se impõe, se abre, se escreve. Uma espécie de legitimação exterior que mostra algo importante para quem a tem.
Geralmente é feita em momentos determinantes da vida, e é cercada por um sentimento bom. Não deixa de ser uma forma de se colocar, de se afirmar e de se mostrar diverso, como de fato, todos somos. Com ou sem tatoo. Ainda não fiz uma e provavelmente nunca faça. Até eu mudar de idéia. Por enquanto não há nenhum ponto do meu corpo que mereça ser colocado em evidência. Tatu, me.

Meu beijo e meu carinho!
Tita

sexta-feira, outubro 06, 2006

Não é fácil.

Todo começo é difícil, não se pode negar. Eu troco facilmente o brilho e a cor viva do que é novo por aquilo que, por já ter meu costume, meu jeito, me dá conforto, segurança e estabilidade. Pricipalmente quando penso em trabalhar por doze horas seguidas com pouca possibilidade de me sentar. Ando quilômetros, mesmo que em poucos metros quadrados.
Nessa quinta-feira vesti minhas botas de plantão (acabo de descobrir: até nome elas têm!). Um pé já carrega um leve rasgo, discreto é certo, na lateral. Os saltos, teimosos, parecem titubear nas passadas, escorregam para trás quando ando para frente. O couro gasto confere charme às pequenas. Tudo depende do ponto de vista. A parte da frente, nem quadrada nem redonda, não concorda nem discorda com nada mais grave. Sabe sobre o crucial papel secundário dos calçados.
Na quinta de manhã, após calçar as surradas botas, pensei: Hoje é o último dia delas. Corajosa, trabalhei. Corajosas, trabalharam. Trabalho duro, pesado. No entanto, o atestado de óbito delas ainda não tive coragem de assinar. Mas já sei. Não estarão no próximo plantão.


Beijo
Tita

Vou te contar...

O ábum de fotos do Rio está quase pronto!
Tem uma vantagem demorar a fazer: agora, pouco mais de um mês depois, parece que viajo de novo...
Eu e Lulu por Jupiss, no Conversa Fiada

quarta-feira, outubro 04, 2006

Atrasadinha

Muito obrigada!

Fico sem escrever por alguns motivos. O principal deles é porque não devo mesmo ter nada para dizer. Você pega, torce daqui, espreme de lá e nada. Nem uma sílaba sai para fazer história.

Há um tempo estou lendo "Grande Sertão: Veredas" de Guimarães Rosa. Leitura essa que faço, propositalmente, em doses homeopáticas. Não se lê esse livro em qualquer lugar. Não dá para ser a mesma pessoa depois que se lê Guimarães Rosa. Talvez eu tenha lido Sagarana para o vestibular. E desse Grande Sertão eu sabia mais técnicas do que de fato conteúdo e forma (quero dizer eu sabia responder questões de vestibular mas não sabia ao certo o que era o livro). Reconheço nele a genialidade humana e me curvo, na minha normalidade, diante desse escritor. Colocarei alguns assuntos que rondaram minha última semana, abrindo com frases que extraí do livro . Sim, eu transcrevo num caderninho as passagens que mais me agradam - e são tantas elas!

MINHA VIZINHA

"E, digo ao senhor, aquilo mesmo que a gente receia fazer quando Deus manda, depois quando o diabo pede se perfaz."

Eu não queria o mal dela. Eu nunca quis o mal dela e ela nem sabe o mal que faz a mim e a minha família. Descobri que todo mundo tem uma história para contar sobre vizinho. Algumas são boas. Eu ainda não quero o mal dela.

Os incomodados que se mudem, diz o ditado, e é o que vou rapidamente fazer. Cansei de ser incomodada. Vou embora para Passárgada. De lá não terei notícias sobre as vozes que ela escuta e que a atormentam.

O ACIDENTE AÉREO

"Sabe o senhor: Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso..."

Até agora não pude entender o que aconteceu (e poucos entenderam, se é que alguém entendeu...) e isso que me deixa mais perplexa. Como duas aeronaves se encontram na vastidão do céu brasileiro sem ao menos ter sido marcado um encontro? Como a menor sai quase ilesa e a maior se acaba no chão? Devo acreditar que o ocorrido aconteceu porque era o céu da Amazônia? Será que o homem duvidou e fez 154 pagarem juntos prá ver? Quem quiser e souber pode me responder...!

A ELEIÇÃO

"Mas a água só é limpa é nas cabeceiras. O mal ou o bem, estão é em quem faz, não é no efeito que dão."

Domingo eu, e mais uma galera de brasileiros, votamos. Estava incomodada em ter de votar dessa vez. Escolhi meus candidatos de última hora. A democracia, a glasnost brasileira, essa transparência obscena que o cenário nacional assumiu nesse último governo me assustou, me anestesiou (fiquei sem ação), me acuou. Invento que a falta de propaganda de boca-de-urna (que já nem é tão recente) tirou a graça da eleição. Aquela farra toda de santinhos espalhando-se que parecia de certa forma também ser um maneira de propagar a esperança de mudança. Mas será que já houve graça? Só sei que ao final, digitando os números escolhidos de sopetão, me embuí de um espírito que posso chamar de otimista. Cada foto que aparecia na telinha eu olhava bem dentro do olho do...(que vontade de escrever uma palavra de baixo calão)candidato, da criatura da foto e suplicava para que fizesse algo pelo Brasil. Faz alguma coisa aí fulano! E eu pensei bem forte. Dando risada dessa minha atitude, saí da escola com o documento na mão. Esse sopro de otimismo que me leva. Fazer o quê? Sou assim. Eu nem precisava de nariz de palhaço para ter certeza que tem um enorme dentro de mim.

Um adendo: Na década de 40, meu pai infante pergunta a sua avó Paschoalina o que é um deputado. Ela sabendo muito bem o que é responde: "É um puto que anda pelas ruas!". Sucinto e verdadeiro.

O CINEMA DE DOMINGO

"E a gente, isso eu sei, às vezes é só feito menino."

Assistimos "Cinema, Aspirinas e Urubus" , primeiro e premiado filme do cineasta pernambucano Marcelo Gomes, que tem um tom auto-biográfico, pois conta uma história vivida por um tio seu. Os atores principais, totalmente por mim desconhecidos, estão muito bem. Amei a cena em que eles dão carona para uma moça da roça(aí eu descobri quem eram os urubus do título...rsrs). Foi charme para todo lado. É um road movie brasileiro, com suas peculiaridades. Sofrido na alegria, sofrido na calma de quem tem todo tempo do mundo para passar fome. De todos tipos de fome eu falo. E não há neles a sensação de sofrimento que eles passam. Entendem?

Não é imperdível, mas com certeza um filme muito melhor que outros que estão em cartaz.

O DIA ESPECIAL

" Eu vinha pensando, feito toda alegria em brados pede: pensando por prolongar. Como toda alegria, no mesmo momento, abre saudade" (não me contenho, não é lindo?)

Dia 2 fiz sete anos de casada. Abri a porta para ele a noite e o vi carregado de minhas flores favoritas, as mesmas do bouquet daquele dia sete anos atrás. Todo dia, depois daquele dia, é especial.

Para vocês, meu beijo e meu carinho.

Tita