quarta-feira, setembro 20, 2006

Vem cá, eu te conheço? (pessoas revisitadas)

Pinacoteca de São Paulo, um esconde-esconde de Rodin
Penso que cheguei a meia idade, seja lá que idade essa for...Se tenho trinta e tralálá, matematicamente posso calcular a meia idade, tal que X é a idade que atingirei. Como X é uma incógnita e assim continuará não sei o resultado da equação. Mas também não importa, se faz tarde e já vejo certo prazer em tomar sopa de noite.
Há um tempo estava numa livraria dessas multi-mídia, que tem de tudo e que posso acertadamente concluir que é um de meus programas favoritos visitá-las. Depois de ler sobre receitas rápidas e fáceis, ver preço de máquina fotográfica digital, ver uns livrinhos infantis e se encantar com o grau de beleza que eles têm, finalmente fui me divertir na seção de CDs. Por lá uma pessoa me notou, e na seqüência eu o notei. Como já disse estou na meia idade, mas com corpinho da pós idade. Assim, de longe passa paquera na minha cabeça. Não dá, não estou para isso também. Será possível que é pra mim que ele tanto olha? De rabo de olho concluo que é pra mim, afinal havia vazio ao meu redor. Era comigo e resolvi que se ele me olhava eu podia dar umas encaradas. Foi quando me veio a luz, sinapses foram rapidamente estabelecidas: A-há! Eu conheço esse cara! Gostaria de poder apresentá-lo agora para você, leitor, mas o que ocorre é que não faço a mais vaga idéia de quem ele seja. É um daqueles conhecidos-desconhecidos que me atormentam. Por que será que eu fui abençoada com esta capacidade incrível de guardar bem fisionomias? Guardo a fisionomia como poucos, mas o resto vai para o espaço. Conjugo a famosa dificuldade de correlacionar nome, lugar e pessoa. Departamentos do meu cérebro que não se conectam, deixam-me sozinha com um rosto familiar. Poderia ter ido até ele dando um simples oi e começando qualquer conversa sem noção chegaria a alguma conclusão sobre o paradeiro de meu conhecimento. E como sofro de pouca timidez lá pela metade do papo, soltaria o cruel “de onde mesmo que eu te conheço?” e minha agonia findaria. Na meia idade podemos conhecer a pessoa da escola, do colegial (que agora chamam de ensino médio), do cursinho em Santos, do cursinho em São Paulo, da faculdade, da universidade, de algum hospital que freqüentei, aulas extras...São muitos os lugares, e aqui há uma explicação, embora não seja uma justificativa, para esse meu problema.
No entanto pensei melhor. O cara não era tão comum. Baixo, de olhos claros, careca raspada, cavanhaque sem bigode, longo. Some a isso brincos , anéis e tatoos em profusão. Me ocorreu um medo de chegar lá e ele dizer: Sim nos conhecemos da televisão, de você me ver na televisão, sou baterista do ultraje ou do natiruts ou qualquer coisa descabida. Ou ainda eu sou VJ da Mtv...Sei lá, o mico seria muito grande e mesmo eu na mais descabida cara de pau não suportaria ouvir essa resposta!
Acabou que não o abordei. Saímos da livraria quase juntos, como um carma, um encosto atormentando minha mente. Então, ele saí na frente e posso ver a placa de seu carro. Pista que me levou a solução do mistério. É da cidade que trabalho, perto de SP. Conexões no andar de cima me dizem que ele, enfim, é um dentista de lá, encontro-o raramente em reuniões. Aliviada, vou para casa e posso dormir em paz.

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Nesse último final de semana de festas ocorreu algo bem parecido. A dona da festa conversava com um homem que era muito familiar. Dessa vez achei que o conhecia do hospital, do HC. Estava quente em minha pista. Cumprimentei-o com um sorriso e curti a festa. Minha amiga estava num papo muito bom com ele e assim demorava pra eu poder ir lá fazer a cruel pergunta :"de onde te conheço?"... Perigosa, eu? Só um pouco, doidinha pra dar um fora. Pensei melhor e sendo a moça muito próxima minha achei adequado perguntar a ela quem era o homem. Ainda bem que não fui falar com ele... É o doutor da alegria, Tita! Ao menos eu o conhecia do hospital mesmo, e claro da televisão também.

Me beijo e meu carinho!
Tita

3 comentários:

Anônimo disse...

menina, sei bem como você se sente. esse rio de janeiro é uma aldeia. e eu, pessoa com espírito gregário, acabo conhecendo muita gente, fazendo velhos amigos em uma noite, e quando os reencontro, cadê que eu lembro o nome? trocar fisionomias então...

o segredo, pra não parecer blasée, é fazer ar de avoada, e perguntar com a voz doce: de onde a gente se conhece?

quase sempre funciona. e quando não rolou, bom, já me rendeu ótimas paqueras...

bom fim de semana!

beijoca, srta. mirliton.

Eu não sei, você sabe? disse...

é verdade srta...costumo mesmo perguntar, ainda nunca ouvi que conheço da tv, mas morro de vergonha que a pessoa ache que tô dando mole...Não cairia bem pra mim na situação que estou:)!
Beijos, apareça

Anônimo disse...

rsrsrs...Um momento sequelado...rsrs...gosto dos teus passeios rsrsr precisamos combinar um café lá na FENAC de pimheiros que tu achas???...vou adorar!...Hibis