domingo, dezembro 31, 2006

Último dia...

Maria fogueteira


Venho a público declarar meu sincero desejo, utópico ou não, para 2007:

Quero que os homens aprendam, de uma vez por todas, a respeitar os homens. E os animais e as plantas e o planeta. Homem no seu devido lugar, parte da natureza e não contra a natureza.
Não é matando, mesmo que após julgamento, que seremos melhores ou piores. Gasto de energia à toa, ainda não digeri essa história. O homem não está enxergando a essência, isso é aterrorizante.
Desejo, sinceramente, que o nosso planeta abrigue meus filhos, meus netos e a turma que se seguir. E também os seus. Atualmente isso parece que é querer muito. Como hoje é dia de pensar grande, positivamente grande, então acredito. Apesar de ter um fraco enorme por duvidar, decidi que hoje é dia de acreditar.
O mundo de homens melhores começa ao redor de meu umbigo, e terei isso em mente ao pular minha ondinhas na poluída, porém linda, água do mar de Santos.

Um beijo.
Tita

sexta-feira, dezembro 22, 2006

E lá vem ele, abram alas!



Parecia que o pequeno sempre chegava um pouco atrasado.

Agradeço as dicas anti-stress que recebi. Apareço para dizer que já me sinto bem melhor. Pedi uma surtada competente e ela apareceu. Depois de desabar de chorar na frente de um incrédulo guardinha municipal que anotava minha placa por eu estar na contramão de uma grande via( havia pouco não era contramão!), resolvi que não estava nada saudável eu continuar trabalhando tão longe e pedi demissão 15 dias antes do meu planejado. Não aguentei. Mas é normal, um surto normal. Foi engraçado eu conversando com a psicóloga. É praxe toda demissão de lá passar com a psicóloga(que delicadeza, não?). Claro que chorei mais um pouquinho, não ia poupar a pobre psicóloga tão acostumada a lamentações. Inventei um problema de saúde na família para ela não me achar tão descompensada, também comentei sobre a dor que sentia, fortíssima( discreta, na verdade, ou uma cruz como médicos dizem) na bochecha toda inchada à esquerda, por causa de uma cirurgia odontológica feita um dia antes. Fiquei mais leve e com menos problemas na cabeça. Pronta para resolver os 735 assuntos pendentes restantes. Exagerada? Sim, o Carlão me acha exagerada. Mas juro que não sou neurótica. Ansiosa cabe, mas neurótica não...quem me conhece sabe que apesar de agitada sou tranquila. Ou não? A gente se engana com a opinião que temos sobre nós mesmos. Aliás sobre a maioria do resto também. Bem eu, que acho sacar tão bem de pessoas. Análise no blog me sai bem em conta, e dela faço uso, me permitam. Essa última frase é para copiar os dizeres de uma senhora que, internada no Hospital das Clinicas de São Paulo, veio me confessar, ao pé do leito, que estava sendo muito bem atendida, fazia refeições excelentes e acrescentou no final: "E o melhor de tudo, doutora: Esta me saindo tão em conta!". Além de nunca esquecer do fato, tentei protelar a alta da senhorinha, que passava tão bem às custas do estado.

Mas agora não adianta reclamar. O Natal está aí. Presentes comprados, muitas coisas bonitas em blogs amigos. A época é boa, e depois que a gente espalha as tamancas, no meu caso espalho lágrimas prá todo lado, dá para se sentir melhor. Natal e infância andam juntos e um complementa o outro como pizza com mussarela ou maçã com canela (desculpe que sou dada a rimas, não escapo). Assim, é verdade, depois que os troianos estão na família o sabor da rabanada voltou a ser melhor. Huuum... Ai se a vovó Ruth esquecer de fazer a rabanada nesse ano como ocorreu há alguns anos, num episódio que foi não só traumático a ela, como para toda a família. Inclusive para a Roseli, a diarista que costuma ajudar na arrumação da casa para o almoço do 25. Todos deram pela falta do quitute e já em início de dezembro, como medida preventiva, começou a circular pelos e-mails da família receitas de rabanada para, na verdade, encher a caixa postal da vovó. O que todos querem é a usual rabanada da Ruth.

E Natal me lembra uma história engraçada. Porque Natal, mais do que todas as festas, engloba uma tradição, que ao meu ver deve ser mantida, pois dá cara e gosto a festa. Como a champagnota que minha mãe faz, a já citada rabanada, o pimentão em salada da vovó Lidia, a música "sou caipira, pira, pora Nossa Senhora de Aparecida" na vitrola que vovô Zé Maria gostava tanto, enfim... E a campanhia que tocava às 5 da tarde do dia 24 de dezembro. A casa toda perfumada de tender com karo que estava desde cedo no forno, o calor infernal de Santos e a campainha num horário quase complicado. E o Dr.Bicudo na porta cumprimentando a minha mãe (meu pai dava um jeito de escapar dessas coisas, raramente era pego desprevinido). De cima do sobrado eu via o médico abrindo o porta-mala do carro para dar o presente ao pediatra dos filhos dele. Presente que vinha direto do sítio, fresquinho. Então, o Bicudo entregava para minha mãe o bicho. Com os braços estendidos e o leitãozinho mal arrumado meio que caindo pelos lados, minha mãe se dirigia até a cozinha com o mimo. Muito obrigada, Bicudo! Lá ia minha mãe tentar arrumar espaço na geladeira fazendo mais mágica que o Copperfield, ou correndo mesmo até a casa de minha avó Lidia, que seria quem prepararia a iguaria para a festa de Reveillon. O glorioso leitão! Eu que nem gosto muito de carne, declino totalmente a de porco! E assim tínhamos certeza que depois daquilo, estava mais perto a feliz hora de abrir os presentes. Não me lembro quando o Bicudo parou de deixar leitõezinhos na minha casa na véspera de Natal, mas já faz tempo, porque os filhos DELE já devem estar grandes e não precisam mais de ir ao pediatra. O tempo passa muito mais para os outros do que para a gente.

Aproveito para deixar para os que me visitam e leêm o desejo de um Natal tão especial como aqueles que tínhamos na nossa infância. E desejar que o Ano Novo seja cheio de paz, tranquilidade, vitórias e bons momentos!

Um beijo,

Tita

P.S.:O texto todo colorido é uma pura homenagem ao blogueiro profissional Marcus Andrey, do Mandra brasa, que quando você menos espera saca um Mandra Card avassalador. Podem ir no link e saber que o jornalista pernambucano, que guarda forte semelhança com Leão Lobo, é um homem família tem ótimas histórias para contar!

terça-feira, dezembro 19, 2006

E se eu não for eu?

Um Klimt, várias Marias (ou titas)

É muito difícil escrever um blog e ter sempre algo a dizer. E não se tornar repetitiva. Mas ando numa fase engraçada da minha vida, em que muitos ciclos estão se acabando. Para começar outros, provavelmete melhores, acredito. Mas esse negócio de fechar ciclo demanda um gasto medonho de energia. Então, estou mesmo atropelada pelo tempo, ou pela falta dele. Bem eu, que estou cansada de saber que quem manda no nosso tempo é a gente mesmo...Não ando mandando em nada. Aliás, estou a um passo de mandar tudo à merda.

Ando sentindo um peso descomunal em viver e conduzir meus dias. Sinto que estou quase (e já expliquei o que é quase para mim) surtanto.

A única coisa que eu queria era ter competência para surtar direitinho. Vou procurar um(a) terapeuta para me explicar como é.

Atenção, não é preciso ter medo de mim: sou uma boa pessoa.

um beijo

Tita


quinta-feira, dezembro 14, 2006

Esse é Rei, de fato e nome.


O homem vermelho-alaranjado de quem sou fervorosa devota.
Fico um tempo sem escutá-lo e de repente volto as suas canções. Me apaixono de novo. Ela são perfeitas, sinceras e têm um algo a mais que encosta num lugar escondido que, não encontrando palavra adequada, chamo de sentimento. Então leio sua coluna dos 'boleiros" no Estadão e encontro o motivo de gostar da maneira como ele se expressa. Ele diz sobre a espera do jogo do Internacional de domingo próximo: "Para viver esperas desse porte sempre alterei meu cotidiano de modo sensível e invisível como uma secreta homenagem a singularidade da ocasião." - um tanto poético, não? E verdadeiro, ao menos para mim. Só não reconhecemos facilmente.
O site dele tem um negócio muito legal que é tocar músicas suas, de forma aleatória. Faço (e sei de outras pessoas que fazem!) até um" jogo" engraçado de entrar e ver a toada do dia, a toada do momento.
Pois estava lendo sua coluna e tocou para mim:
A Minha Gratidão É Uma Pessoa
Nando Reis

Depois de pensar um pouco
Ela viu que não havia mais motivo e nem razão
E pode perdoá-lo.
É fácil culpar os outros
Mas a vida não precisa de juízes
A questão, é sermos razoáveis.
E por isso voltou
Porque sempre o amou
Mesmo levando a dor
Daquela mágoa
Mas segurando a sua mão
Sentiu sorrir seu coração
E amou como nunca havia amado
Mas como começar de novo
Se a ferida que sangrou
Se acostumou a se sentir prejudicada
É só você lavar o rosto
E deixar que a água suja
Leve longe do seu corpo
O infeliz passado
E por isso voltou
Pra quem sempre amou
Mesmo levando a dor
E aquela mágoa
Mas segurando a sua mão
Sentiu sorrir seu coração
E amou como nunca havia amado
E viveram felizes... e para sempre,
Estavam livres, da perfeição que só fazia estragos.

Nada mais a dizer, tudo posto.

Boa noite!

Tita



segunda-feira, dezembro 11, 2006

RC

Lalaiá me deu essa incumbência.
Responder sobre mim na voz de um cantor. Me veio Roberto Carlos. Porque é final de ano, porque eu nunca assisti um show dele, porque acho que devo ter ao menos um cd (pirata?) dele, porque o cara é amor pra todo lado, porque ele tem uma voz aveludada(anasalada?), porque ele dá show em cruzeiro marítimo, porque e nem sei porquê, mas CAMA E MESA mexe demais comigo.

Aí vai, Tita por Roberto Carlos:

1. Você é homem ou mulher?
"Entre no meu carro, na estrada de Santos, você vai me conhecer"

2. Descreva-se:
"Será que tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda?"

3. O que as pessoas acham de você?
"Essa garota é papo firme"

4. Como descreveria seu último relacionamento?
"Como é grande o meu amor por você" Meu último é o meu atual:)

5. Descreva sua atual relação com seu namorado ou pretendente:
"Quero que você me aqueça nesse inverno e que tudo mais vá pro inferno"

7. O que pensa a respeito do amor?
"Com tanto pão dando bola no salão, Luluzinha foi gostar logo de um bolão"

8. Como é sua vida?
"O importante é que emoções eu vivi"

9. O que pediria se pudesse ter apenas um desejo?
"Quero ser a coisa boa liberada ou proibida, tudo em sua vida"

10. Escreva uma frase sábia:
"Coisa bonita, coisa gostosa, quem foi que disse que tem que ser magra pra ser formosa"

Valeu Lala?

Frase da noite

Encontrar placidez na minha vida está
mais improvável do que ler a frase:
"faz carreto" numa hilux.

Vou dormir com essa.

Mistério




Estou há dias para colocar a letra, pois infelizmente não há como colocar a música ou mesmo um videozinho, da Perereca, de Fabio Freire, que foi professor de música das crianças até esse ano. Sucesso! Mas acabo de "gogglar"o Tio Fabio e descobri que há como ouvir: Entre no link, vá em infantil e depois entre em história da perereca, lá estão todos cantando:). Gostei, fiquei feliz!

A história da perereca (Eric Buney/Fabio Freire)

Eu vi
uma perereca (lindinho a troiana cantando peleléca, mas ela já fala melhor agora!)
Ai!, que susto que eu levei. (aqui o troiano cantava TUSTO ao invés de susto)
Não sei se a perereca me viu também
Quando ia tomar banho,ela apareceu.
Se não for logo pro chuveiro,
minha mãe não vai gostar.
Acho que a perereca se assustou também.
Meus amiguinhos batem palmas e cantam comigo assim:
Xô, xô, xô perereca. (as crianças balançam as mãozinhas como empurrando a perereca!)
Tchau, tchau, tchau perereca.

Sai, sai, sai perereca.

Mas é isso. Uma perereca me trouxe essa música, que eu gosto de verdade, a tona na semana passada.
Mistério...

Um beijo
Tita

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Atropelada

FRANCESCO MUSANTE, Titolo Mostra:INCONTRI IMPROBABILI
Os dias têm me atropelado.

Batem de frente, sem dó.

E é um tal de Tita, despedaçada,

para todo lado.



Tá bom, faço ser meu um fenômeno que acomete a todos.
Gente é uma epidemia, ainda sem vacina.

Um beijo e bom dia.
Tita

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Vovó Rute, Vovó Ruth!



Tita por vovó Ruth!

Há 85 anos nascia de Paschoalina Italiana e Tito Sergipano, em Santos, essa mulher que é pura fibra, pura arte e puro amor. Vovó Ruth é uma mulher que sempre está a frente de seu tempo. Aprendeu a dirigir quando o primeiro carro chegou da Inglaterra em Santos( bem, ou foi quase isso), antes mesmo de que seu marido. E dirigiu até há pouco, com uma saída esportiva que deixava meu pai até preocupado! Costurou para fora e fez tudo que precisou para ter seu dinheirinho extra. Mas sua real profissão é artista plástica, essa que até hoje lhe garante um bom trocado, dando aulas em seu ateliê. Quem tem uma avó de 85 anos que está na ativa, manda e-mails diariamente(inclusive para mim!), chama seios de "minhocas", diz que a pessoa sofre de "falta de conhecimentos botânicos" quando está diante de um ser totalmente desprovido de bom senso, tem os olhos mais azuis que eu já vi, está no orkut e faz uma macarronada e brigadeiro branco(que ela chama de geminha) como ninguém? Claro, privilégio de poucos!

Muitos bons momentos tive na piscina da casa que ela morava durante toda minha infância e adolescência em Santos. Um engraçado foi quando eu pulei na piscina e bati o queixo na borda. Sangrou bem, vovó salvou com gelo e um super band-aid no local. Quando chegou meu pai, seu filho, para me buscar e deu uma erguidinha no band-aid pôde ver o osso de minha mandíbula. Correu me levar para dar uns pontinhos. Pra ela não tem tempo ruim, o que vier ela encara, o que vier ela traça. Com formosura!

É por isso que hoje o dia que vivo é para ela, quero que ela seja sempre feliz como ela soube e sabe fazer a mim e a cada pessoa da família troiana feliz! Não estava na sua pizzada ontem, mas já vi as fotos do sucesso!

Prá vovó Ruth meu sincero é pique, é pique, é pique; é hora é hora , é hora,

Rá tim bum!

Muitos beijos prá vovó!

Tita

P. S.: Troiana pede para avisar que em janeiro tem aniversário dela e ela conta com as geminha de sua autoria!rsrs.]

Post feito com total colaboração de papi, mami e irmãs de Tróia: obrigada!

Mais beijos!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

NetinhO - Milla

Vai uma pinga pra acompanhar?

Toca play e leia o post abaixo!

Nova missão





Dessa vez recebi a simpática missão de Marley do Rösti com Farofa, em que devo denunciar 3 CDs por mim adquiridos que na verdade configuram equívoco de compra, na minha singela avaliação.
Devo ressaltar que, nos dias de hoje, onde temos possibilidade de ouvir faixas na net ou na loja e até fazer cópias piratas dos CDs que julgamos no mínimo mais ou menos, existe ainda a chance do erro. E comigo aconteceu...

1- Muito influenciada pela crítica positiva, fui atrás de um CD da Saravá Discos, selo de
Zeca Baleiro com uma sócia, de quem eu sou sobretudo bastante fã da voz. Na verdade o selo tem dois cds e eu comprei logo os dois. Mas considero errônea a compra de "Ode descontínua e remota para flauta e oboé de Ariana para Dionísio", onde conforme está no site dele a poesia lírica de Hilda Hilst encontra a música de Zeca Baleiro não foi nada mais que um erro, uma chatice sem fim. Não consegui ouvir mesmo. Em compensação não vou detonar a Saravá Discos, não! O outro é um CD de Sérgio Sampaio, chamado Cruel e esse eu curti. O cara tem uma importância na música brasileira, mas morreu precocemente. Esse eu escuto e está no carro. É dele a famosa "Eu quero é botar meu bloco na rua", embora essa não esteja nesse CD.

2- Uma coletânia do Pato Fu. Na verdade, julgo muita sacanagem da minha parte escrever isso dessa simpática banda mineira liderada pela vocalista super agradável e de voz afinadíssima que é a Fernada Takai. Mas o que ocorre é que nas rádios as músicas deles são doces, canções suaves de um modo geral. No CD tinha um monte de rockão pesado(desculpe mas na verdade nem sei avaliar que tipo de rock é), muito diverso do que eles têm como jabá.

3- E o terceiro não foi uma aquisição mas sim um presente. Tenho parte no presente, pois o mesmo foi para o Carlão, e a pessoa me consultou antes de comprar o dito. Confesso que eu estava sem nenhuma, nenhuminha sugestão em mente. A pessoa me pegou totalmente desprevenida e perguntou se ele gostava de música baiana...Perigoso, né? Então, ele ganhou um CD do Netinho, que acabava de estourar com o sucesso MILLA, mas já era outro Cd, que nem a Milla estava. Nunca ouvimos e duvido que o Carlão saiba que tem.

Quem quiser denunciar seus engodos, por favor fique à vontade. Pode cornetar!!!
Um beijo e o sincero desejo de um ótimo final de semana!
Tita

quinta-feira, novembro 30, 2006

Numa quinta-feira, qualquer chuva que chover é pouca



Ilustração de Ralfe Braga, coisas que só descobrimos porque existe internet.

V* acordou cedo e não foi nada fácil. Chovia pra cacete na cidade, mas ele já estava cansado do barulho da chuva para poder se apegar a ele. Não ter o que fazer era a rotina e se descobrir incapaz aos 58 anos levava-o ao fundo de poço. Vestiu sua calça surrada e suja. Arrumou o cabelo ondulado e grisalho com o pente fino que cuidadosamente recolocou no bolso de trás da sua calça. Junto com a carteira carregada com apostas da mega sena, quina, jogo do bicho e uma rifa de DVD que será sorteada no dia 20 de dezembro. Na sua carteira, ainda, seu Registro Geral e nenhuma cédula ou moeda, nenhuma. Na absoluta falta de dinheiro existiam alguns boletos para pagar e um cartão Rener. Um homem cheio de sonhos quase impossíveis. Em seu RG, a três por quatro é digna de mafioso, talvez o sobrenome que sugeriu participação em organizações escusas. Mas quem vê aparência não vê essência, e definitivamente não era o caso. Ainda estava escuro quando saltou do ônibus e caminhou até a porta da oficina mecânica do irmão e por não encontrá-lo tão cedo lá, puxou seu Derby de embalagem azul acomodada no bolso da camisa e o levou até boca. Diante das portas cerradas do estabelecimento esperou alguns minutos antes de acendê-lo. Não porque titubeasse na vontade de fumá-lo, e sim porque, naquela hora da manhã seus gestos eram naturalmente mais lentos. A tragada não caíra bem e antes da segunda ele jogou o danado na sarjeta, maldizendo-o. Talvez tarde demais. Foi tomado por uma mal estar. Suava frio na testa e o ar se recusava entrar em seus pulmões. Tentou pensar rápido com o oxigênio que restava em seu cérebro e andou a passos lentos até a padaria já aberta. Pediu um copo d'água, que foi prontamente recolhido da torneira e estendido até sua mão pálida de unhas sujas. Tomou meio gole e o mal estar aumentou. O sujeito ao seu lado viu que algo não ia bem. V* se escorou no balcão e escorregou caprichosamente até estender-se no solo. Ele já não via mais nada com seus esbugalhados olhos azuis. Um elemento pulou sobre seu tórax e começou a fazer movimentos que o mesmo chamou de ressucitação. A emergência modificou a manhã da padaria do centro e o assessor parlamentar do vereador músico de São Paulo que passa diarimente em frente ao local observou o movimento estranho antes de chegar ao seu gabinete de trabalho. Acenou com vigor para a primeira ambulância que passava. Mesmo estando com outra paciente o carro parou e atendeu o homem, que já chegou ao hospital sem respiração, sem pulso, sem batimento cardíaco. Mas com a carteira no bolso da calça. O assessor parlamentar não sabia informar quanto tempo tinha se passado, mas pela aparência de V* já havia alguns bons minutos. Só restou tentar identificar a pessoa e avisar a família. É para isso que vivemos. Para ter o nosso dia que será muito diferente, mas não teremos a quem contar.

----------------------------------

A quinta-feira seguiu com chuva forte.

terça-feira, novembro 28, 2006

Acelerada

Troiana por Helô!



Minha vida é mais que acelerada. Nem preciso muito para justificar. Dois filhos(sem contar a babá que tem 18 anos recém-completos e eu a chamo de minha mais velha!), três empregos (sendo que em um deles as pacientes ficam com meu telefone, então dá-lhe hora extra!) e uma mudança de cidade. Não estou reclamando, será que eu saberia viver diferente?
Ontem levei todos para o posto comigo, trabalhar com a mamãe. Claro que me arrependi e jurei nunca mais fazer isso. A troiana toda feliz: Mãe eu vou trabalhar com você para comprar dinheiro. Ela guardou a moral da história mas não muito bem o enredo.

Um beijo e bom dia!
Tita

segunda-feira, novembro 27, 2006

Micocococococococo(Lê-se como uma espécie de eco)

Sim, fui intimada pela Mariana, essa menina do sitio da Maricota, a contar meu mico publicável.
A idéia surgiu do Leonardo do Indizível e já está se propagando entre blogueiros. No mínimo, ótimas risadas renderão...

Estava eu de férias na Espanha, século passado, com minha irmã e uma amiga. A viagem, um tesão, conhecer a Europa, um sonho sendo realizado. Achei incrível como os espanhóis não entendem o português(e depois descobri que eu mal compreendia o português de Portugal mesmo, aquele que não é o das piadas de Manuel e Joaquim). Fiquei muito indignada com o garçom não entender que eu queria "Uma coca-ligth", a cara de interrogação do sujeito, desolado com meu pedido estranho. Minha irmã, que é casada com um moço que sabe imitar o espanhol de cada país e é um show de humor a parte, interveio a meu favor . Ela leva muito jeito com línguas e gentilmente disse em cantado espanhol "Una cocalai!", daí o moço compreendeu. Sei lá, tão igual pra mim, mas...
O mico se deu em Sevilha, cidade que me encantou e me faz crer que já vivi lá em outras vidas, se é que alguém que me lê acredita nisso, eu comecei a acreditar depois que lá estive. Acordamos e fomos tomar café da manhã. Bem alimentada, surge o famoso reflexo gastro-cólico que muitos conhecem talvez sem esse nome técnico, mas significa que se algo entrou outro algo deve sair, e rápido. Subi às pressas e sozinha para o quarto. Vejam que absurdo, encontro na porta de MEU quarto uma placa dizendo que deveríamos arrumar o quarto! Caraca, essa camareira deve estar doida, achando que é minha mãe, botando plaquinha na porta de meu quarto para eu arrumá-lo! Que folgada! Que que é isso? Eu que sou totalmente da paz fiquei de fato indignada com a liberdade daquela placa lá e fui atrá da camareira do andar explicar que eu arrumo o quarto quando eu quiser e se eu quiser, entendeu? Mas tudo no meu portunhol que não tem nada de portunhol, uma lástima. "Escuta, dona, NOSOSTRAS (claro, eu já estava pra lá de molusco...) bamos arrumar o quarto quando quisermos, viu ...Quem a senhora acha que é? Mãmã? Nonono!
Eis que minha irmã e a minha amiga chegam e pegam eu explicando a situação para a pobre senhora. Minha amiga tomou meu partido de início, e minha irmã mais nova que é muito mais lúcida tentava me explicar que a chefe das camareiras havia posto a placa para que suas subordinadas soubessem o trabalho a ser feito. Simples e corriqueiro em hotéis, não? E eu sabia, claro, mas acho que o lapso em meu pensamento se deu por dois motivos principais: Primeiro a dificuldade da língua(espanhol?), que eu precisei traduzir com esforço o aviso que eu desavisada encontrei na maçaneta da porta. E segundo, devido a urgência de minha situação, acho que, como dizem minhas pacientes, estava subindo fezes para a cabeça, de forma a atrapalhar meu raciocínio que costuma ser excelente, desde a segunda série do primário quando Dona Maria Flora, minha então professorinha disse para minha mãe que eu era muito esperta e tinha ótimo raciocínio(ao menos matemático). Enfim, mico que é mico deve ser bem justificado, e esse está!

Um beijo e boa semana!
Tita

Passo a bola para contarem seu micos, minhas sócias nessas empreitadas de blog:

Lalaiá, Dona flores.

Helo Helê.

Srta. Mirliton.

Bethinha M30.

Marley, minha única amiga Marley.

Vamos, lá. Aposto que vocês tem ótimas histórias!

domingo, novembro 26, 2006

O Céu de Suely: "Give up my life, my heart, my own"


A mínima foto é só para salientar a grandeza do filme
Acabo de chegar do cinema. Filme brasileiro, O Céu de Suely . Entrem no link e assistam o trailer( digo mais escutem a trilha sonora se possível), vejam se eu estou exagerando...Talvez esteja, mas agora, nesse momento, tenho certeza que não é exagero. De longe, o melhor filme que vi nos últimos meses. Tocante, sensível e sensual. À flor da pele. Atores que parecem ser eles mesmos, como deve ser. Música que abre, para mim é uma versão de Everything I Own de Boy George. Até agora não sei se é, mas se não for, é muito parecida. E já tá muito pra mim ter identificado esse fato ou coincidência.
Hermila Guedes é a atriz principal e só o Hermila ( o nome e a atriz) já é puro charme. Ela faz Hermila (coloquem um acento agudo no "e" para dar o toque nordestino). João Miguel, sendo João, está muito bem também (aliás ele está imperdível em Cinema, Aspirinas e Urubus). É de uma simplicidade, e por isso tão interessante. Colocar todos os personagens com seus verdadeiros nomes é o obvio que conquista. Quero dizer que o óbvio é difícil de encontrar por vezes,nos acostumamos a tentar elaborar demais. Mas aqui, na simplicidade e na pureza, o diretor nos atinge em cheio.
Uma desilusão amorosa que conduz uma vida, que muda a personalidade e tenta se traduzir em força o que é a fraqueza. E a partir daí ela não saberá fraquejar nunca mais. Ela não saberá amar nunca mais. São lindas demais a fotografia, as cenas, a música, no que elas têm a nos oferecer. Não sei dizer tecnicamente o que acontece com a filmagem, a maneira que o filme é rodado, mas me comove por muitas vezes. Tocante, muito tocante.
Não sei se já ficou claro, mas aí está um filme que eu recomendo. Vá forte!
Boa noite!
Tita
P.S.:Engraçado, mas depois de ver o trailer desse O céu de Suely (quando assisti Volver) e de ler em um blog o comichão do assita logo me pegou. E nesse blog a moça conta que topou com uma "celebridade" no cinema. E o mais engraçado é que a celebridade respondeu ao tópico dela no blog(até agora não sei se é verdade que o cara mesmo respondeu!). Na saída encontrei com Marcelo Rubens Paiva. Será que ele vai googlar o nome dele e ler o que eu escrevi? Oh céus!
Hoje (30/11/06) li a coluna de Contardo Calligaris na folha que fala do filme. Me deu vontade de deixar o link aqui : http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2311200632.htm

Assuntos Vários

O problema do meu teclado se resolveu. Era falta de pilha, pode? E eu nem sabia que ia pilha só porque não tem fio. Coisdedoid...

Recebi de Maricota , que por sua vez foi intimada por Leonardo do Indizível a incumbência de relatar um mico meu...Oras, tarefa difícil, os micos são diversos, para dar e vender. Estou fazendo uma enquete interna entre meus entes queridos para saber qual vale o prêmio. Acredite, tenho muitos.

Eu ia falar de rotina mas o assunto se dissipou na eventual falta de pilha do teclado. Ele há de voltar a tona, agora meu assunto é outro...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Rotina


Aprisiona e cerceia. Mas pode nos dar o caminho. Com nós, ou sem eles.
Mais fotos lindas, aqui.
E outra sexta-feira chegou, junto com ela a promessa de um final de semana. Se antes finais de semana já tinham encanto, agora que sei que vou estar com meu amor eles têm muito mais que isso. Rotina poesr umnadppproteso meu teclado etá com prblema, acoqu nm Sõ
tenhod e trabalaaaar msjuor que dep instttttt ep
sa

quarta-feira, novembro 22, 2006

Queen - Under Pressure

S*E*N*S*A*C*I*O*N*A*L
That's me today.

terça-feira, novembro 21, 2006

Nossa Senhora da Escada

Hoje é dia da Nossa Senhora da Escada, e eu que nem sabia da sua existência, quase que devota a Santa me torno, já que ela é padroeira da cidade em que trabalho, e isso me garante o dia de folga. Mas ontem, o dia da consciência negra tive de trabalhar normalmente, como na maioria das cidades do Brasil. Em São Paulo foi feriado, e feriado em São Paulo significa poder trafegar nas ruas sem o básico nível de estresse devido ao trânsito infernal. Adoro feriados, e embora pareça irônico, principalmente quando eu não tenho folga pois é uma paz se dirigir ao local de trabalho. E costuma ser bem mais tranquilo o meu dia de trabalho também! Em dia de feriado incrivelmente as pessoas ficam com a saúde melhor e não costumam procurar os postos ou hospitais. Ao menos, não sem uma boa razão. Na verdade, encontram coisas melhores para se fazer. E muito das nossas doenças são causadas pelo próprio dia-a- dia que levamos. Ou, em dia de trabalho, simplesmente se precisa de um atestado médico e esse já é um bom motivo para se procurar um médico. Enfim, hoje, graças a Nossa Senhora da Escada (Uma espécie de alpinista no mundo religioso???) eu não trabalho.

Sexta à noite fui ao show que Emmerson Nogueira fez em São Paulo. Estava com um pessoal muito divertido, o que me garantiu o programa. Levei amendoinzinhos na bolsa, para que eu pudesse comer enquanto eu tomava meu red label(dessa vez ele eu não o levei...). Brincando com as meninas eu disse sobre minha preocupação de ter sempre um mantimento na bolsa. A anorexia pode ser como uma moléstia transmissível e assim eu estou preparada para não ser pega de surpresa. E quem conhece meu corpinho sabe o risco que corro...
Saí do show com uma vontade enorme de assistir um show do Legião Urbana. Sei que é um sonho impossível(nossa, quanta consciência), mas me lembrei do último show deles que assisti, em meio a um Renato Russo reclamando com a platéia, dado corriqueiro em shows do Legião. Na verdade queria um show deles e ainda que o Renato Russo não ficasse reclamando com os espectadores. Aí, meu sonho se torna mais impossível...Muitas saudades, mesmo. Mas foi porque ele tocou "Eu sei":
Composição: Renato Russo

Sexo verbal não faz meu estilo
Palavras são erros, e os erros são seus
Não quero lembrar que eu erro também
Um dia pretendo tentar descobrir
Porque é mais forte quem sabe mentir
Não quero lembrar que eu minto também
Eu sei...
Feche a porta do seu quarto
Porque se toca o telefone pode ser alguém
Com quem você quer falar
Por horas e horas e horas
A noite acabou, talvez tenhamos que fugir sem você
Mas não, não vá agora, quero honras e promessas
Lembranças e histórias
Somos pássaro novo, longe do ninho
Eu sei...

Ai que saudade que me deu. E de repente eu queria ouvir um monte de músicas deles. Um monte.



Mas então, foi que no sábado fomos a nossa próxima cidade, na festa de aniversário do condomínio que vamos morar na versão 2007. A cidade é do interior, mas é grande, avançada. E a festa tinha um show do Elvis Presley cover. Aí, a gente conclui que vai morrer mas não vai ver de tudo nesse mundo. O mestre de cerimônia apresenta uma jovem, que abre o Elvis cover, que é a única intérprete mulher de Elvis no Brasil. Nossa, que raridade, penso que a mocinha poderia estar no Guiness Book. No que ela começa a apresentação, com roupa de pastora evangélica nada condizente com o show de rock, concluo que Elvis deve ter de fato morrido e mandou aquela dona no lugar, só de raiva. Mas com certeza ele se revirava na tumba já sabendo do equívoco que cometera. Mais uma vez, digo que quem está bem acompanhado garante a diversão da noite. O resto é resto. Nos divertimos.

Domingão finalmente vi Volver, e gostei muito. Mas não saí com aquele encanto que saí quando vi Má educação, o penúltimo do Almodóvar(de 2004), que achei bem mais genial, por me dizer muito mais sobre ele. Sei lá...

Um beijo,
Tita


quinta-feira, novembro 16, 2006

Little Miss Sunshine

Nem de longe esse povo é normal...


"Criança não trabalha,
criança dá trabalho."


Essa frase, de uma música cantada pelo Palavra Cantada é de Arnaldo Antunes e Paulo Tatit, resume absolutamente bem a função da criança na família. E ela cai como uma luva para o filme que escolhi para assistir na noite do feriado: Pequena Miss Sunshine, ou "Little Miss Sunshine". Minha amiga cor-de-rosa falou para eu ir assistir, disse ser o filme a minha cara (agora que já vi fico até um pouco assustada...). Senhorita Mirliton colocou em seu blog, suas impressões sobre o filme, recomendando fortemente a todos que assistissem. Lá fui eu .Trata-se de uma família que, dificilmente, não podemos estabelecer algum grau de identificação. O famoso de perto ninguém é normal. E não é mesmo...Pobre de quem teima achar que é.
A família em fiasco composta por um pai que pensa ter no programa de auto-ajuda que criou a "solução de todos seus problemas" no melhor estilo Tabajara(da tabajara's corporation). Cria-se uma metalinguagem interessante, na sua idéia de auto-ajuda ele será enfim salvo. E, em não dando certo seu projeto, aposta na sua garota de 7 anos a chance de virar a mesa e finalmente deixar de ser um "loser". Muito além do que é possível foi feito para que eles chegassem até a cidade sede do concurso em tempo hábil. E, em lá chegando, percebem o equívoco. Esses mini talentos infantis
são mesmo um show de non-sense, uma violência a natureza da criança. O show da nossa atriz mirim só vem reforçar a violência que isso tudo representa. É para afrontar mesmo e para mostrar que não há diferença entre o show dela e o das outras meninhas precoces que lá estavam. É tudo um despropósito.
Ou como diria meu pai, pediatra acostumado ao convívio familiar diverso, tem mãe(ou pai) que é duro de se criar. Não é?
Um beijo,
Tita

terça-feira, novembro 14, 2006

Atormentada

Passei a noite brigando com a minha cabelereira. Uma senhora de 70 e poucos anos que queria me cobrar quinhentos contos por uma hidratação capilar que não demorou nem 5 minutos para fazer. Eu discutia tão cheia de razão e tão indignada que cheguei a ter lágrimas nos olhos quando acordei. O mais engraçado era também ter na conta uma tal taxa de terremoto(?). Engraçados sonhos são. Ontem ouvi no rádio que a cidade de São paulo tremeu em alguns pontos como consequência de um terremoto que ocorreu no Chile. E minha cabelereira achou por bem colocar uma taxa de terremoto devido o risco de se atuar em São Paulo. Eu pedi a ela uma nota discriminatória com todos os gastos pois iria entrar com um advogado na questão. O advogado era Hebert Viana, dos Paralamas. Sonhos são demais, não são? O mais interessante é abstrair dele o significado e saber o que você deve fazer. E eu sei.

Beijo e bom dia !

Tita

segunda-feira, novembro 13, 2006

Os Infiltrados


Esse foi o meu filme do domingão. Estréia nacional do dito nesse final de semana. Logo, além de mim e do Carlão, metade da torcida do Corinthians e a outra metade da torcida do São Paulo(tri feliz, aliás!) estava lá no cinemark naquela fila tipo cobra sem fim que se instala uma hora antes da sessão. Estou ficando craque nessas filas , já que tenho conseguido ir ao cinema aos domingos de noite. Então, o que se vê, além de casaisinhos adolescentes em pleno "love" dando "uns malhos"(acho tão engraçado esse termo totalmente anos 80, remete malhar o Judas...) como estivessem se despedindo para ir para guerra, são rapazes ou homens atacando seus pacotes de pipocas com as bocas no melhor estilo comercial de bonzo. Embalagens gigantes de pipoca(com manteiga-argh!), somadas ao balde de coca-cola são suficientes para deixar qualquer bípede sem modos nenhum, atacando seu quitute como o bom troglodita do paleolítico, mas penso que no paleolítico as pipocas eram servidas em cumbucas feitas de folha de banananeiras e ficavam no solo mesmo. Nossa, hoje estou ramificando meu pensamento mais do que nunca. Escusa, tá? Outro detalhe da fila é aquele que tenta puxar conversa com você. Não tenho nada contra, acho até que tenho uma cara de responsiva a esse tipo de abordagem, mas convenhamos, nosso círculo de amigos já está grande o suficiente. Ou não? Enfim, vale tudo para ver aqueles minutinhos passarem mais rápido.
Sim, agora vou falar do filme, mas devo colocar com muito cuidado, pois temo que minhas impressões possam comprometer o bom andamento da sessão de quem não viu ainda. E de longe quero ser uma estraga prazeres...
Falarei irrelevâncias, então. A primeira, que justifica eu ter escolhido esse cartaz para abrir o texto, foi que, assim que aparece o Leonardo diCaprio na telona eu tenho um "deja vu" terrível...Carlão não parece com o Jandro??? Nossa, ele á a cara do Jandro!rsrsr... Jandro é o nosso zelador, que apesar de atender queixas de infiltrações(oh! que horrível!) nada tem a ver com o filme. Engraçado, fico pensando no zelador, que de prima eu achava que tinha pinta de cantor de sertaneja, tipo Leandro e Leonardo. Agora está parecido com o "Leo"... Bem, nada de similares de Giseles no prédio!
A segunda observação é como se fuma no filme. O nível de nicotina é altíssimo pricipalmente no setor dos maus elementos. Chega a ser até ser parte do figurino. Policial fuma pouco ou não fuma. A bandidagem fuma desconcertada e seguidamente. Achei engraçado o comentário da menina na saída, quando eu já estava aliviando o joelho. "Meu! Não posso ver filme assim!". Eu de dentro do gabinete formo uma interrrogação na cabeça, mas meu primeiro impulso foi pensar na quantidade de bala por centímetro rodado, que nada. A amiga rebate com "O quê?" e ela diz que tem muito nego fumando em cena e dá uma larica desgramada de cigarro, bem ela que havia parado há treze dias estava louca por uma tragada. Lavo minhas mão pensando no poder de sugestão das imagens, todas elas. É, ou não é, uma afronta eles ordenando nada subliminarmente a massa desenfreada comprar pipocas? Nessa sessão, eu resisti. Mas confesso que depois que descobri que o cinemark tem pipocas doces delicosas é muito mais difícil esse exercício de resistência.
Outra observação que vale o filme é a atuação do Jack Nickolson, um traficante velho tarado cheio de poder. Li que ele de início recusou o papel mas depois aceitou pensando ser uma boa oportunidade fazer um vilão, já que seus últimos papéis eram de comédia. Quem disse que ele não está hilário(para usar um adjetivo bem batido em crítica de comédias) como Frank Costello?
No mais eu gostaria de dizer meus ácidos comentários principalmente sobre a psiquiatra, mas receio mesmo contar o filme ao incauto leitor do blog, então me esquivo. Termino dizendo que no próximo final de semana eu escolherei a estréia que "
VOLVER". Tá bom, trocadalho terrível. Mas estou toda ruinzinha hoje.

Beijo!
Tita.

domingo, novembro 12, 2006

Na minha casa já é Natal...




Acabo de montar o "Natal" na minha casa com a devida vibração dos troianos com cada detalhe que era acrescentado. Do tapetinho na entrada até o Papais Noeis com guisinhos que ficam na maçaneta das portas dos quartos deles. Um "olha que lindo, mamãe!", outro "que demais!". A dúvida quase pertinente do mais velho: " Mas mãe, já é Natal hoje?"... Não filho, mas é Natal a partir de hoje! Agora é esperar a noite feliz chegar!

Bom domingo, com panetone e café. Ao menos em casa o panetone corre solto!
Tita

terça-feira, novembro 07, 2006

Eu amo essa música...

Velha Roupa Colorida

Elis regina, composição : Belchior.

Você não sente não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer (bis)
Nunca mais teu pai falou: "She's leaving home"
E meteu o pé na estrada like a Rolling Stone...
Nunca mais você buscou sua menina
Para correr no seu carro, loucura, chiclete e som
Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido
O dedo em V, cabelo ao vento
Amor e flor, que é de cartaz?
No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais (bis)
Você não sente não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer (bis)
Como Poe, poeta louco americano,
Eu pergunto ao passarinho: "Blackbird, o que se faz?"
Raven never raven never raven
Blackbird me responde
Tudo já ficou atrás
Raven never raven never raven
Assum-preto me responde
O passado nunca mais
Você não sente não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer (bis)
E precisamos rejuvenescer


é isso, um beijo
Tita

domingo, novembro 05, 2006

Dia de sol, dia de sai saudades.


Fazia tempo que eu não a via.
Fazia tempo bom durante o dia.
Fazia tempo que eu guardava
toda a minha saudade para esse dia.
Aí, chegou...
E , Lu Longo, sempre tem um presente:

Do presente, escolhi esse para estar aqui:

Diga-me com quem ondas

O mar é meu companheiro.

Desde a mais tenra infância

seu murmurar me aconselha e consola.

Elegante impecável cancioneiro

ainda que nada em seu momento me doa

o mar me acolhe.

Mesmo assim ainda assim e desse modo assim

me dá sustento limite dimensão

ostrar pérolas peixes e palpites.

Quando ele toca sua música

que eu sempre pego já começada

eu só quero é a onda dele

seu suntuoso e simples princípio maleável

e mais nada!

Elisa Lucinda é atriz , cantora, poetisa. Fundou a Escola Lucinda de Poesia Viva há nove anos e no ano passado teve um poema seu "cantado" na voz de Ana Carolina - "Só de sacanagem", no CD em que a cantora gravou com Seu Jorge. Deve ser uma boa cozinheira também. O feminino sensível que não tem nada de frágil. Não é de hoje que eu já tinha ouvido falar dela e lia coisas dela. Mas é a partir de hoje que tenho o novo livro dela. Vou dormir feliz :)

Meu beijo e meu desejo de uma boa semana.

E um obrigada especial para a Lu!

Tita

sexta-feira, novembro 03, 2006

Mania Minha

Não é mal falar das nossas manias. Um pouco difícil é reconhecê-las, pois fazem parte da nossa rotina, é o nosso dia-a-dia, são nossas atitudes reflexas que fazemos sem pensar. Aí vai minha lista:

1- Dar risada sempre, de quase tudo e para quase todos. Ontem uma mocinha do trabalho disse que eu, ao buscar a cesta básica havia dado risada para o marido dela que estava lá também buscando a cesta básica. Ela do carro viu a cena. O marido chegou no carro e disse, nem conheço aquela médica que me cumprimentou com uma risada, e a moça disse que era eu que trabalhava com ela, achou que era por isso que eu dava a risada. Que nada, na verdade não reconheci o marido dela. Dou risada, pois ao buscar a cesta , todos lá são funcionários do mesmo local que trabalho, então de certa forma, todos conhecidos... Essa cumplicidade. Não é à toa que desde de pequenininha meu pai, muito gentilmente, me chamava de boba alegre.

2- Fazer mil quinhentos e uma coisas ao mesmo tempo. Não sei se é mal intrínsico do signo de gêmeos, ou se da maternidade(mas já era assim antes...). No entanto é certo que uma coisa só é muito pouco para eu sentir que estou fazendo algo. Daí se desprende minha dificuldade em concentração, que venho aprimorando a duras penas.

3- Rainha da procrastinação e do deixe para amanhã o que não está a fim de fazer hoje. Acho muito confortável fazer o que quero quando quero. Já basta tudo que devo fazer por necessidade profissional ou maternal/familiar. Do mais, tento levar minha vida assim, quando e como quero. Tá bom, pode parecer falta de determinação. E é. Mas tudo bem, sem vontade não rola!

4- Adoro leite condensado moça, chocolate branco e uma variante mais simples que encontro em minha cesta básica: leite em pó com açúcar, formando uma gororoba dos deuses. Coisas que vem ajudando em muito a somar quilos ao meu corpinho de trinta e poucos. O prazer dos prazeres.

5- Escutar o Nandito enquanto escrevo, a maioria das coisas que escrevo. Sejam meus textículos infantis, seja esse blogue, seja o que for. Também enquanto preparo almoço(quando preparo),enquanto leio, enquanto passeio na net, enquanto bordo meu ponto cruz(aliás a mania do momento), enquanto tomo banho. Enfim, até debaixo d'água.

Acho que dava pra seguir escrevendo aqui mais "uns par" de manias. Mas eram só cinco. Tá muito bom!

Quem não foi convocado e quiser contar também suas manias, sou toda ouvidos, ou melhor, olhos!
beijos meus!
Tita

quinta-feira, novembro 02, 2006

Ah, essa menina!


Ela é Mari Mesq, conheci no orkut e cheguei ao seu blog. Tudo via HeLô Hele!
Então ela me intimidou, ops, intimou a dizer 5 MANIAS e delegar a mesma função para outras vítimas.














Antes da MANIA, as vítimas que seguem:
Helô Helê, fada madrinha desse encontro!
Lalaiá, minha menina de 18 anos que me ensina a vida.
Beth Blue, blogueira contemporânea minha.
Srta. Mirliton, minha amiga blogueira virtual que tenho um carinho grande.
Marley, minha única e eterna amiga Marley!

Daqui a pouco volto para contar...

Mania minha
Mania que é manha, que é moda
Mania que eu tinha

Mania que é graça
Mania que encanta, que manda
Mania que eu tenho

Mania menina
Mania que passa, que fica
Mania que é birra

Mania maluca
Mania que começa, que acaba
mania que não deixa
esquecer quem eu sou.


Depois te conto!
Tita







segunda-feira, outubro 30, 2006

Todos somos

Sorte de quem consegue ver.
Ele ganhou, todo mundo já sabia que seria assim.
Como se o fato de eu não ter feito essa escolha me redimisse de todos os pecados. Os antigos e os que virão.
Boa semana.
Tita

domingo, outubro 29, 2006

Parabéns!


Solidão necessária

Solidão arbitrária

Solidão libertária

Solidão que viaja

e não deixa de amar.

Um caramujo, sua casa.

Dois caramujos, todo o mar.

Para Hibisca, que pode me entender melhor...

Muitas felicidades!

sábado, outubro 28, 2006

Agonia cultural

Qualquer coisa menos cândido, porém muito Portinari


Hoje li a coluna de Antonio Prata que vem no Guia(caderninho com dicas culturais que vem na sexta-feira) do Estadão. Bateu-me uma profunda sinergia entre o que o escritor sente e o que eu sinto. Ele se refere ao mal estar que lhe ocorre nessa época em que estamos com a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, por não poder acompanhar um décimo da programação e assim entrar numa defasagem cultural que chega a dar um "leve formigamento estomacal". Há tanta coisa para se fazer e ver nessa metrópole que, em mim chega a dar como que uma paralisia, de forma que mal consigo resolver meus compromissos: trabalho, crianças, supermercado, banco, para ser muitíssimo sucinta. Sinto mesmo uma grande agonia. Apenas mais uma das agonias que quem mora numa grande cidade está sujeito. Alguém tem um anti-agônico aí?
PS: Para você que tem tempo(piada?) vale entrar no link do Portinari ali em cima e conhecer as obras deles. Cada coisa linda, minha gente!
Um beijo
Tita

quarta-feira, outubro 25, 2006

Português, todos eles.



Estou lendo Inês Pedrosa, uma portuguesa dez anos mais velha que eu, em seu português de Portugal. Engraçado as peculiaridades que cada país tem na forma de usar sua língua e como é diferente do que temos aqui. Gosto desses que fazem literatura em português e não são traduzidos. Leio trechos em voz alta, com sotaque de português e quando vejo estou rindo sozinha. É tão engraçado, porque o texto por si só já tem a cadência do sotaque e nem preciso me esforçar para parecer estar ouvindo uma piada de português. E dou risada.
Querem tentar? Vamos lá, leiam com e sem sotaque:

"Telefonista de família é a definição profissional dos adolescentes. Começava-se a atender o telefone aos quatro ou cinco anos, num revolucionário ímpeto de afirmação, e acaba-se como secretário do sistema. Cada toque do telefone é pretexto para uma denúncia da escravatura materna e uma exibição da supremacia paterna. A mãe não pode atender, porque é a criada, o pai não deve atender, porque é o senhor"

Engraçado. Ou não?

Meu beijo, meu carinho

Tita

segunda-feira, outubro 23, 2006

"Distraídos venceremos"(O Diabo Veste Prada)


Cinema de domingo a noite garantido
Ontem foi a vez de "O Diabo Veste Prada", uma adaptação de um livro de mesmo nome que é best seller. O filme é bom, pois tem uma trilha sonora interessante, um figurino chique (no mínimo), atores bonitos e desempenhando bem sua função. Anne Hathaway faz Andrea Sachs, assistente de uma megera(niguém melhor que Meryl Strep para fazer a editora-chefe Miranda Pristley, uma Cruela Cruel - há até a referência quando ela está numa festa com um casaco que lembra a pele de dálmatas) que se vê num emprego altamente cobiçado por outras pessoas, mas que na cabeça dela nunca havia passado. Ela aposta nesse emprego para chegar ao seu objetivo. A atriz é bonita e, engraçado, me faz lembrar a todo momento uma mistura de duas brasileiras, a Daniela Cicareli e a Luciana Gimenez. No entanto, na verdade a brasileira que atua no filme é a já cidadã do mundo Gisele Bündchen que tem um ar nada brasileiro e sim totalmente europeu. Brasil e todas suas caras.
Pessoas capazes vão se dar bem onde estiverem e para fazer o que quiserem. Basta ter determinação. A moça emagrece, muda o visual, se preocupa com coisas que eram totalmente desnecessárias para ela. Tudo porque há nela, como há em grande parte das pessoas, essa necessidade de vencer desafios e atingir metas, se preocupando pouco com o acesso a conquista e muito com a conquista em si, com a vitória. Delineamos nossa vida, nossos objetivos em algum momento e então começamos. De certa forma, ligamos o piloto automático e vamos fazendo o que precisa ser feito da forma que se exige ser feito para que a gente chegue no tal objetivo. Aprendemos rápido. Esquecendo que cada vez que seguimos , estamos, sim, fazendo escolhas. Muitas vezes a atriz diz "mas eu não tinha escolha" para se justificar, para mostrar aos outros o que ela não queria ver. A gente SEMPRE tem escolhas e não adianta tentar negá-las. Se nos sentimos sem alternativa é porque estamos com o piloto automático dirigindo a vida. Se faz necessário parar para pensar melhor e enxergar como deve ser visto, a vida com suas muitas possibilidades.
Minha forma de viver vai totalmente de acordo com a máxima de Paulo Leminski(que aliás, me é muito inspirador), que abre esse texto. Eu de fato acho que venceremos independente da preocupação com o resultado positivo. Na verdade pode haver, sim, uma preocupação com a forma de se chegar ao resultado que não deve ir contra nossos princípios e deve genuinamente nos fazer feliz, isso por si só já é a vitória.
Meu beijo e meu carinho...
Tita.
PS: Odeio quando o que escrevo fica com essa cara de auto-ajuda. Não interpretem dessa forma, ok?

sexta-feira, outubro 20, 2006

Cabe todo mundo

Assim eu os encontrei, embaixo de meus lençóis e dando risadas...

Já disse sobre a dificuldade de acomodar uma família inteira numa cama queen size. Principalmente porque crianças são espaçosas e só sabem dormir com pernas e braços escancarados. Eu num canto com parte dos pés prá fora, marido colocando seu 1,90 m em improváveis 60 cm quadrados... Se houver movimento brusco na calada na noite a troiana reclama com um chorinho chato. Mesmo que o movimento for dela mesma: quem vai entender? Temperamental a capricorniana. Sei de quem é a culpa de tamanho mau hábito. Agora até faço uma retrospectiva e lembro-me que, nas raras vezes que brinquei de casinha na minha infância, gostava de brincar que eu era de família pouco abastada, tudo da casinha se acomodava em um cômodo, uma pobreza descabida, sei lá o motivo dessa tara. Minha prima já gostava de brincar que a casinha dela era de milionária, como as que víamos nas novelas. Ela ligava para o mordomo e encomendava o café da manhã na cama e eu me deitava no chão toda encolhida com algumas bonecas e pelúcias amontoadas com uma toalha de coberta, nem cobertor tinha na minha casinha. Gostava desse exercício de pobreza que talvez nem Freud explique. Pode ser por isso que tolere bem esse meu dia-a-dia atual. Acordar com beijinhos e sorrisos num dia friozinho como o de hoje é capaz de melhorar, associado a um voltarem, qualquer dor muscular de uma noite mal dormida. E isso não guarda nenhuma relação com pobreza. As crianças são lindas quando acordam. Falo isso todo dia, bem cedinho - quem me conhece sabe quão cedo - para eles. Eles podem ficar acostumados a dormir aglomerados, mas problemas de auto-estima possivelmente não terão.

Para vocês também, um bom dia!

Tita


terça-feira, outubro 17, 2006

Dia do pensamento positivo


Surfe na lagoa. Há que ser positiva para se fazer isso.
Achei o máximo esse negócio de dia do pensamento positivo devido um alinhamento planetário que obviamente não posso checar a existência mas posso supor existir, já que eu mesma sou uma otimista irreparável...Ainda não esqueci que num lampejo de Positivismo maior mesmo que o de Comte acreditei, ao olhar nos olhos das fotos de meus canditados, no dia primeiro passado, em dias melhores que virão a qualquer momento. Tá quase chegando.
Pensei e tenho pensado um monte de coisas boas. Pensar nunca é demais, oras. Aproveito e faço o mesmo que fiz com uns torpedinhos que mandei durante o dia: Pense num desejo agora. Ele vai se realizar. Certo que sim. Afinal pensar já é quase realizar, acredito nisso e você já bem sabe.
PS: Nunca falei o real significado de quase para mim aqui nesse local. Mas para mim quase é quase tudo. Ou quase nada. Um passo pra se chegar lá, se chegar lá for o objetivo. Entendeu?
Besitos,
Tita

quinta-feira, outubro 12, 2006

Tattoo you, tatu me.


Doei sangue dias atrás e não há como não achar engraçado responder as perguntas: Tem tatuagem ou piercing? Quantos parceiros sexuais teve no último ano?
Lembro-me bem quando na faculdade, início da década de 90, ter tatuagem estava intimamente relacionado a possibilidade de se ter AIDS. Estúdios não autorizados e irregulares eram muitos. Atualmente, bem mais que moda, a tatuagem é consagrada e todo bairro de SP tem um local decente para você pintar sua pele, fazer sua marca. Foi-se, há muito, o tempo que pessoas tatuadas eram aquelas egressas de presídios. Havia um amigo de turma que antes de medicina tinha cursado administração e talvez por isso, nem pensava em ser médico, tatuou um enorme dragão no braço e uma paisagem praiana no dorso. Época de surfista devidamente registrada. Vestindo terno não aparecia. Mas na roupa de centro cirúrgico, a fantasia de médico, mostrava o que ele provavelmente não queria mostrar. Ou queria. Afinal, não é para se deixar escondida que se faz uma tatuagem. Quando eu estava na oitava série, o bonitão da turma tinha o Woodstock (o passarinho do Snoopy) tatuado no ombro direito. Conquistava mais meninas com esse charme meigo.
Penso que tatuar o corpo é uma forma de gritar o seu amor, seja ele qual for. Mesmo que seja mostrar seu amor a você mesmo(a). Estive recentemente com uma amiga de longe que escreveu o nome dos filhos nas costas, com borboletinhas no final. Delicado e fiel ao seu amor. Igualmente escancarado está o amor da Vic, minha amigona, que ao completar 35 achou por bem tatuar o nome do marido. Não faltam pessoas para criticar. Eu, verdadeiramente, acho lindo. É uma declaração de amor e muito mais que isso. A felicidade e a completude que a pessoa sente ao fazer justifica qualquer crítica.
Há a Hibisca, uma amiga que é um capítulo a parte em matéria de tatuagem. Ela foi batizada com esse apelido graças ao hibisco que fez no punho esquerdo e que está na foto acima. Cheio de significado. Suas tatuagens foram, e ainda vão, me contando aos poucos sua história. Muito do que ela queria me falar eu reconheci em seus desenhos, como se ela tivesse colocado na pele para contar.
Tem também a Ju Tattoo, menina que conheci no fanático MTV, em 2005, doidinha pelo Nando Reis. É cheia de frases dele em locais improváveis, que mostra a quem quiser ver.

Há ainda a Amandita do mural, que relutou em fazer a clave de sol que, ao meu ver, não vinha se estampar em seu corpo, e sim desabrochava, vindo de dentro, para marcar sua pele. Esse é o real significado da tatuagem. Não é algo que se incorpora, mas algo que já existe e se expõe. Se impõe, se abre, se escreve. Uma espécie de legitimação exterior que mostra algo importante para quem a tem.
Geralmente é feita em momentos determinantes da vida, e é cercada por um sentimento bom. Não deixa de ser uma forma de se colocar, de se afirmar e de se mostrar diverso, como de fato, todos somos. Com ou sem tatoo. Ainda não fiz uma e provavelmente nunca faça. Até eu mudar de idéia. Por enquanto não há nenhum ponto do meu corpo que mereça ser colocado em evidência. Tatu, me.

Meu beijo e meu carinho!
Tita